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POLÍCIA

Guarda municipal que atirou contra jovem negro é preso em Mogi das Cruzes



A Polícia Civil de SP, com apoio da GCM de Mogi das Cruzes, deteve, nesta terça-feira (29), o guarda municipal que atirou contra um jovem negro, além de ter espalhado cascas de banana em frente à casa da vítima, em Cezar de Souza, em um ato de racismo.



Pedro Azpilicueta, de 29 anos, foi baleado por seu vizinho, José Carlos de Oliveira, em uma discussão no portão de sua residência na última quarta-feira (23). Vídeos de câmeras de segurança que registraram o momento do crime circularam nas redes sociais.



A vítima foi socorrida a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, na sequência, transferida para o Hospital Luzia de Pinho Melo, onde está em recuperação.



A informação sobre a prisão do guarda municipal foi divulgada pelo prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha, por meio das redes sociais. “Graças ao esforço em conjunto da Polícia Civil e da Guarda Municipal de Mogi das Cruzes, ele [José Carlos de Oliveira] foi apresentado hoje no 3º DP, onde já tinha um mandado de prisão temporária. Ele foi encaminhado para a carceragem do 1º DP. Todo o processo criminal já está em andamento, e também o processo administrativo feito pela Guarda Municipal já está acontecendo”, afirmou o prefeito. A reportagem tenta localizar o advogado de José Carlos de Oliveira.



Repúdio na Câmara Municipal

Na tarde de terça-feira (29), foi aprovado, na Câmara de Mogi das Cruzes, o Requerimento nº 156/22, de autoria do vereador Edson Pereira, o Edinho (MDB). A iniciativa consigna votos de repúdio à tentativa de homicídio contra Pedro Azpilicueta,.

No documento legislativo, o parlamentar destaca que este ano foi celebrado pela primeira vez na história de Mogi das Cruzes o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. No entanto, o vereador lamenta que, apesar das diversas atividades de conscientização, ações e discussões sobre o combate ao racismo, ainda ocorram crimes dessa natureza.

O Requerimento revela também relatos de familiares e vizinhos sobre violências anteriores, psicológicas e simbólicas, sofridas pelo jovem por parte do mesmo agressor.

Para Edinho, o Requerimento de Pesar tem como objetivo reafirmar a posição do Legislativo mogiano no “irrenunciável combate a todos os atos criminosos de injúria racial e racismo”.

O emedebista, que também é negro, disse que está acompanhando o caso de perto. “Apenas três dias depois do Dia da Consciência Negra, um guarda municipal comete ato brutal de racismo. A cada 23 minutos, um jovem negro morre em nosso país. Falei com o prefeito [prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (PODE)] e com o secretário Toriel [secretário municipal de Segurança, Toriel Sardinha]. O prefeito esteve na casa da família da vítima e está ajudando em tudo que for possível. Além desse Requerimento, entrou para deliberação nesta sessão ordinária um projeto de minha autoria [Projeto nº 181/2022] que obriga a instalação de placas de conteúdo antirracista [com os dizeres ‘racismo é crime’] nos espaços públicos de Mogi”.

Inês Paz (PSOL) cobrou mais políticas públicas para combater a desigualdade racial. “Esse jovem estava preocupado em provar o racismo que vinha sofrendo de forma recorrente. Por isso, ele vinha coletando várias provas. Foram disparados três tiros. Por sorte, a vítima não morreu. Não basta apenas uma feira no mês de novembro. O trabalho de conscientização deve ser feito o ano todo. Como diz Angela Davis [ativista norte-americana do movimento negro], não basta não ser racista: é preciso ser antirracista”.

Iduigues Martins também lamentou a tentativa de homicídio contra Azpilicueta. “Ele disparou os tiros e proferiu palavras ofensivas ao jovem negro. É triste e lamentável. Neste ano, Mogi já foi a Cidade do garoto que morreu picado por cobra. Infelizmente, faz tempo que nossa Cidade não figura na grande mídia por boas notícias”.

O petista solicitou requerimento verbal para que o secretário Municipal de Segurança compareça à Casa de Leis mogiana a fim de prestar esclarecimentos. “Por que ele estava afastado e continuava com a arma? Tem muita coisa obscura, e a Municipalidade deve prestar contas. Essa arma era própria ou da Guarda? Há muitas perguntas sem respostas e precisamos de explicações do secretário Toriel”.

Segundo o vereador Edinho, a arma utilizada pelo guarda municipal nesta ocorrência não seria da corporação mogiana. “A arma era fria, e ele estava de licença prêmio, pelas informações que obtive junto à Prefeitura”.

Por fim, o presidente da Casa de Leis, Marcos Furlan (PODE), disse que remeterá convite a Toriel para que os vereadores façam questionamentos específicos ao chefe da pasta.

“Que seja uma data dentro deste ano legislativo, para não perdemos a discussão de vista”, pleiteou Inês Paz.

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