O governo federal, que até umas semanas atrás afirmava que a prorrogação do auxílio emergencial estava absolutamente descartada, passou a adotar outro tom com relação ao assunto. O ministro da economia, Paulo Guedes, disse, nesta quarta-feira (26), que a ampliação do benefício poderá ser necessária caso a vacinação contra o novo coronavírus não ocorra conforme o esperado.
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De acordo com Guedes, antes de entrar com novas medidas de auxílio financeiro, é preciso verificar se o aumento recente de casos de Covid-19 não foi um reflexo das festas de fim de ano.
“Se a pandemia se agravar e continuar 1.500 mortes por dia, a vacina não chega, se falhássemos miseravelmente nas vacinas… O que não acredito porque o ministro [da saúde] tem capacidade logística”, afirmou o ministro em um evento.:
“Vamos observar. Caso o pior aconteça, se a doença volta, como compatibilizar uma coisa com a outra [pandemia e responsabilidade fiscal]?”, acrescentou Guedes, explicando em seguida que seria preciso promover um enxugamento de gastos para prover novas parcelas do auxílio emergencial.
“Quer criar o auxilio emergencial de novo, tem de ter muito cuidado. Pensa bastante, pois, se fizer isso, não pode ter aumento automático de verbas para educação, para segurança pública, pois a prioridade passou a ser absoluta, é uma guerra. Aqui é a mesma coisa, se apertar o botão ali, vai ter de travar o resto todo [do orçamento]. Então vamos observar a economia, a saúde, os dois andam juntos, e esperar pelo melhor”, concluiu ele.
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Aprovação popular
Até o fim do ano, o Ministério da Economia vinha planejando alternativas para não ter que prorrogar o auxílio emergencial, como a antecipação do PIS e do 13º salário do INSS ou a ampliação do Bolsa Família. No entanto, a queda na aprovação do governo Bolsonaro pode ter feito sua equipe repensar a prorrogação do benefício. Isto porque o Datafolha revelou que o aumento da avaliação negativa do governo federal se deveu, em grande medida, à sua piora junto a quem recebe até dois salários mínimos.
Segundo os dados da pesquisa, somente 26% deste público considerava Bolsonaro ruim ou péssimo na penúltima pesquisa, quando o auxílio emergencial ainda estava sendo pago. Já na pesquisa de janeiro, com o fim do benefício, o ruim ou péssimo saltou para 41% dentro deste mesmo grupo.
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Pressão no Congresso
Outro fator que vem pressionando o governo federal pela prorrogação do auxílio emergencial é o clamor do Congresso Federal, já que diversos deputados e senadores tem defendido a medida de apoio aos brasileiros durante a pandemia de Covid-19.
Existem ao menos três projetos de lei em trâmite no Senado Federal e que possuem esta finalidade.
O PL 5.495/2020, de autoria dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Esperidião Amin (PP-SC), propõe estender o auxílio emergencial e prorrogar o estado de calamidade pública até o fim de março de 2021. Pela proposta, o valor do auxílio seria de R$ 300 ou R$ 600, conforme a condição do beneficiário.
Já o PL 5.494/2020, dos senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Paulo Rocha (PT-PA), estende o pagamento do auxílio emergencial durante todo o primeiro semestre de 2021. Por esse projeto, o valor da ajuda seria de R$ 600, pelo menos, e também incluiria trabalhadores da cultura e agricultores familiares.
O PL 2.928/2020, da senadora Zenaide Maia (Pros-RN), propõe a ampliação do calendário do benefício por cinco meses, como medida de enfrentamento da crise.