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MOGI DAS CRUZES

Em Mogi das Cruzes, muçulmana é alvo de agressões e denuncia islamofobia; veja vídeo



Na última sexta-feira (15), uma mulher muçulmana de 35 anos sofreu uma agressão na garagem do prédio onde mora, no distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes.



Imagens gravadas por câmeras mostram o momento em que outra mulher se aproxima dela, a agride fisicamente e tenta arrancar seu véu, usado, na tradição islâmica, como gesto de devoção a Deus. Confira o vídeo a seguir:

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A agressão foi denunciada como islamofobia, nesta terça-feira (19), pelo sheik Rodrigo Jalloul, do Centro Islâmico da Penha, em seu perfil na rede X (antigo Twitter). Pelas imagens, observa-se ainda que outros moradores do condomínio se aproximam, após as duas mulheres caírem no chão. Contudo, um dos três homens que foram em direção às duas continua agarrando a vítima, que ficou ferida após o ocorrido.



No boletim de ocorrência, a polícia registra o episódio como crime de lesão corporal. A identidade dos agressores não foi informada pela vítima. 



Segundo o sheik, a vítima chegou a acionar a Polícia Militar (PM-SP), mas os agentes disseram que seria melhor que ela fosse a uma delegacia para prestar queixa, na segunda-feira. O pretexto para adiar a denúncia formal seria de que o atendimento em dia de semana seria melhor do que o de plantonistas.

O sheik Rodrigo Jalloul afirma que a comunidade islâmica tem sofrido mais violência após o ataque organizado contra Israel pelo grupo Hamas, em 7 de outubro, como demonstrou a segunda edição do Relatório de Islamofobia no Brasil, desenvolvido pelo Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes (Gracias), da Universidade de São Paulo (USP).

A arremetida do Hamas deixou centenas de mortos e já causava preocupação, entre os muçulmanos, de que a hostilidade contra eles atingisse outro nível. Para especialistas no assunto, o ódio contra seguidores do islamismo e a associação entre eles e atos de terrorismo se intensificaram desde o 11 de setembro de 2001, no ataque às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos.

“O caso dela não é isolado. Essas questões aumentaram um pouco, sim”, diz o líder muçulmano sobre o novo contexto, estabelecido após o ataque do Hamas.

“Algumas mensagens que chegam são de gente dizendo ‘estava no metrô, me chamaram de terrorista ou algo assim’. Eu já passei caso de estar, quando terminei algo na mesquita, atividade no sábado, ao tirar o lixo da minha casa e pôr na porta, passar um carro gritando ‘terrorista’ e ir embora. Não deu para identificar, nem nada. Pelas redes sociais mesmo, muita gente manda mensagens agressivas, ofendendo a religião ou alguma causa que a gente abrace, como foi o caso dela”, completa.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública confirmou que o caso foi registrado como lesão corporal pelo 4º DP de Mogi das Cruzes. Na mensagem, a pasta acrescenta que a vítima relatou que foi agredida por uma vizinha após uma desavença ocorrida entre seus filhos, naquele dia. “A vítima passou por atendimento médico. Na delegacia, ela foi orientada quanto ao prazo para a representação criminal”, finaliza.

Outro lado

De acordo com a mulher que aparece agredindo a muçulmana no vídeo, a briga não teve foi motivada por questões religiosas. Segundo Fernanda, tudo começou com uma desavença entre seus filhos, que estavam brincando em uma área comum do condomínio onde moram. “O meu filho de sete anos estava brincando lá embaixo no parquinho, como de costume, até que subiu chorando, com marcas de agressão na boca, machucados na perna e acompanhado de outras crianças, que disseram que ele havia sido agredido com golpes de judô no rosto e na barriga”, disse ela, acrescentando que as agressões partiram do filho da mulher muçulmana.

Ela relatou que, ao saber do ocorrido, começou a procurar o menino pelo condomínio e teve uma conversa com ele, dizendo o seguinte: “O que você fez foi muito sério, muito sério mesmo. Se eu tivesse sua idade, eu ia te mostrar o que acontece com uma criança que quer mandar nas coisas e bater em todo mundo”. Segundo ela, o menino pediu desculpas e ela foi para seu apartamento.

Ainda de acordo com Fernanda, após a conversa, a mulher muçulmana começou a gritar na janela de sua casa dizendo que ia “quebrá-la de tanto bater”. “Na hora do vídeo só mostra eu indo pra cima dela, mas na hora que apareci ela já veio batendo no peito falando ‘vem aqui que eu vou te quebrar’. Na hora que ela fez isso eu não ia esperar ela me bater”, disse Fernanda, acrescentando em seguida: “Errei em agredi-la, em dar início à agressão física. Mas a agressão verbal e as ameaças na minha janela aconteceram antes. Ambas saíram machucadas. Não teve nada desse negócio de religiosidade. Jamais em minha vida eu ia fazer uma coisa dessa. Não teve essa questão de xingar ela de terrorista. Não existiu essa versão dela”, concluiu.

*com informações da Agência Brasil

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