A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes aprovou, em sessão realizada na quarta-feira (22), a Moção de Repúdio nº 78/2022, que protesta contra a morte da jovem Cíntia Silva dos Santos, 22 anos, cujo corpo foi encontrado na última terça-feira (21), dentro de uma mala à beira da Estrada da Volta Fria. A Moção de Repúdio é de autoria dos vereadores Inês Paz (PSOL), Edinho do Salão (MDB) e Iduigues Martins (PT).
“Cíntia desapareceu no sábado (18) e estava grávida. No mesmo dia, no final da tarde, quando ainda não tínhamos digerido a triste notícia do assassinato de Cíntia, levamos mais um soco no estômago. Isso por causa dos vídeos que circularam por todas as redes, nos quais o procurador municipal Demétrius de Oliveira Macedo, de 34 anos, agrediu brutalmente, sem nenhum pudor, uma colega de trabalho _ também procuradora municipal: Gabriela Samadello Monteiro de Barros de 39 anos, na cidade de Registro interior de São Paulo”, comentou a vereadora Inês Paz na redação da Moção de Repúdio.
A vereadora completou lamentando também o fato de que a jovem foi agredida verbalmente nas redes sociais por pessoas que lhe desqualificaram sem saber o motivo do seu desaparecimento. De acordo com a polícia, em depoimento concedido na quarta-feira (22), o ex-namorado da vítima confessou ter sido o autor do crime – ele estava em período de “saidinha” de um presídio em Sorocaba.
O documento aprovado na Câmara Municipal será encaminhado à delegada da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Mogi, Luciana Amat, à presidente da OAB do estado de São Paulo, Maria Patricia Vanzoline Figueredo, à presidente do COMULHER (Conselho da Mulher de Mogi das Cruzes), Vania Pereira, entre outras autoridades.
Registro
Na mesma sessão, os vereadores comentaram também sobre o caso que aconteceu esta semana em Registro, no interior de São Paulo, quando um procurador agrediu sua colega de trabalho, a também procuradora, Gabriela Samadello.
“O Brasil está chocado com aquele vídeo, com aquelas agressões brutais contra a procuradora na cidade de Registro. O problema é que, infelizmente e lamentavelmente, todos os dias vemos cenas como aquelas, todos os dias ocorrem feminicídios, agressões morais e físicas e parece que isso está se naturalizando. No Brasil estamos normalizando a barbárie”, disse o vereador Iduigues Martins.
“É lamentável termos que fazer mais uma moção, parece que está sempre se repetindo a história de violência contra a mulher. Assistindo ao noticiário só vemos notícias de violência, motorista de aplicativo que não cabendo a cadeira da criança, atropela a solicitante, como ocorreu aqui em Suzano. Nós não podemos mais aceitar esse tipo de violência, que políticas públicas podemos fazer sobre isso? Inserir matérias de educação cívica nas escolas, olhar para nossas famílias e buscar entender o motivo pelo qual a sociedade está tão doente”, disse a vereadora Fernanda Moreno (MDB).
“Algumas reflexões que fizemos a respeito do caso do procurador e dos diversos tipos de violência que a mulher sofre e muitas vezes são minimizadas. Muitas vezes a gente ignora as manifestações violentas que antecedem as agressões físicas. E a gente só repudia quando chega a esse ponto de tira a vida de uma pessoa ou causar traumas profundos. Mas, temos que falar sobre o que antecede, a violência psicológica, sentir medo de falar com alguém. Quero provoca essa casa a pensar junto ao executivo para prevenir e rechaçar qualquer tipo de violência manifestada não só às mulheres mas a qualquer pessoa”, comentou a vereadora Malu Fernandes (SD).
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