Parte dos seis vereadores alvos da Operação Legis Easy, deflagrada em 4 de setembro pelo Ministério Público de São Paulo com apoio da Polícia Militar, utilizou as redes sociais para se defender das acusações contidas na denúncia do MP-SP, que aponta indícios de corrupção na Câmara Municipal e em contratos com a Secretaria Municipal de Saúde e o Semae de Mogi das Cruzes.
Candidatos à reeleição nas Eleições Mogi das Cruzes 2020, Antonio Lino (PSD), Diego de Amorim Martins (MDB), Jean Lopes (PL) e Mauro Araújo (MDB) publicaram vídeos negando as acusações de compra de votos para aprovação de projetos de interesse de empresários na iniciativa privada. Segundo eles, os depósitos se trataram de empréstimos.
Já os vereadores Carlos Evaristo da Silva (PSB) e Francisco Moacir Bezerra (PSB), também citados na investigação do MP-SP, não chegaram a se manifestar publicamente sobre as prisões. Eles também se registraram como candidatos à reeleição junto ao TSE. Segundo o painel do órgão, entretanto, Carlos Evaristo acabou renunciando de sua candidatura.
Antonio Lino compartilhou no Facebook imagens de uma matéria na qual ele afirma que recorreu à empresa de assessoria financeira do vereador Mauro Araújo para pedir empréstimos, uma vez que, segundo ele, estava passando por dificuldades financeiras e precisava pagar a faculdade de sua filha. “Como pai zeloso que sou, cuidador das minhas obrigações, eu não poderia deixar que isto acontecesse com ela”, disse ele.
Em um vídeo publicado também sua página no Facebook, o vereador Diego de Amorim Martins, conhecido como Diegão, afirmou ter sido vítima de uma “prisão política”. “Me acusaram de fazer parte de um esquema de corrupção onde eu não conheço nenhum dos empresários envolvidos. O que foi transferido para a minha conta do vereador Mauro Araújo foram dois empréstimos. Um no dia 28 de março de 2018, que foi pago em cinco vezes. E o outro, um ano e meio depois, de R$ 9.500”. Segundo ele, o empréstimo foi feito nove meses antes da votação do projeto do Plano Diretor, investigado pelo MP-SP sob suspeita de compra de votos. “Quando o vereador me emprestou esse dinheiro, o projeto não tinha nem entrado na Câmara Municipal”, se defendeu ele.
Jean Lopes, por sua vez, divulgou um vídeo gravado no Pico no Urubu, no qual ele afirma que a marca de seu trabalho sempre foi a transparência e honestidade. “Por conta de uma investigação do Ministério Público, injustamente perdi minha liberdade por 18 dias. Não fui ouvido e sequer tive direito de defesa. A prisão foi tão injusta que o ministro do Superior Tribunal de Justiça Ribeiro Dantas logo tratou de corrigir essa violência que sofri: concedeu a minha liberdade. Agora posso exercer meu direito de defesa, que a Constituição concede a todos os cidadãos”, disse ele.
Apontado pelo MP-SP como principal articulador do suposto esquema de corrupção, Mauro Araújo afirmou, em um vídeo publicado no Instagram, que foi vítima de uma falha do Ministério Público. “Ninguém deve ser condenado sem o devido processo legal, ainda mais representantes eleitos pela população. Os vereadores foram afastados sem sequer serem ouvidos, sem terem o direito de apresentar suas versões para o que aconteceu”, disse ele, acrescentando em seguida: “O empresário que é denunciado junto comigo [Joel Zeferino] não possui nenhum contrato com o poder público municipal. E as leis que dizem que beneficiam esse empresário, ou outros empresários, não foram votadas. Em relação à lei de uso e ocupação do solo, em especial à Vila Oliveira, onde o Ministério Público acusa que seria o benefício do empresário, é importante salientar que nos últimos anos, nenhuma autorização foi votada, desmentindo tal acusação por parte do MP”.
Sobre o repasse de verbas do qual é acusado, Araújo disse: “quero lembrar que tenho uma empresa há 20 anos, de assessoria financeira. Já fiz alguns empréstimos a empresas, a pessoas físicas, a alguns vereadores. Transações comerciais normais do dia a dia”. Ele disse ainda que apresentará toda a documentação necessária para provar que é inocente e reaver seu cargo na Câmara Municipal.
Carlos Evaristo, Diegão, Jean Lopes e Mauro Araújo foram detidos no dia 4 de setembro e levados ao 1º Distrito Policial de Mogi das Cruzes. No dia 9, eles foram encaminhados ao complexo penitenciário do Tremembé, no Vale do Paraíba, onde ficaram presos até o dia 23, sendo liberados após habeas corpus concedidos pelo STJ.
O vereador Chico Bezerra foi detido em prisão domiciliar, ao passo que Antonio Lino permaneceu 19 dias considerado foragido.
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