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O Parque das Neblinas, reserva ambiental da Suzano gerida pelo Ecofuturo, conserva 7 mil hectares de Mata Atlântica em diferentes estágios de regeneração, nos municípios de Bertioga e Mogi das Cruzes, em São Paulo. O Parque, que completa 16 anos de sua abertura oficial neste mês, possuía 6 mil hectares até 2019, mas após a fusão entre a Suzano Papel e Celulose e a Fibria, mais 1 mil hectares foram incorporados à reserva – tratava-se de uma antiga fazenda vizinha ao Parque que, até então, pertencia à Fibria, e que passou a integrá-lo.
A história de transformação do local, no entanto, começa muito antes da sua inauguração: a área, vizinha ao Parque Estadual da Serra do Mar – maior contínuo de Mata Atlântica remanescente no País –, teve sua floresta desmatada pela indústria siderúrgica nas décadas de 1940 e 1950 para produção de carvão. No lugar da mata nativa, eucaliptos foram plantados para o mesmo fim. Em 1966, a Suzano adquiriu a propriedade e seguiu com o manejo de eucalipto, visando a produção de celulose e papel. Até que, no fim dos anos 1980, com a criação da área de Meio Ambiente da empresa (o que seria atualmente a Sustentabilidade), conceitos ambientais foram introduzidos no manejo florestal no local e identificou-se a sua vocação para conservação. Para transformar a área em uma reserva de uso sustentável – um objetivo um tanto quanto visionário para época – nasce o Instituto Ecofuturo, em 1999.
Em duas décadas de atuação, o Instituto promoveu a transformação de uma antiga área degradada em uma das maiores reservas privadas de Mata Atlântica do País, além de ter tornado o local um grande “laboratório” para estratégias de restauração e conservação.
Em parcerias com universidades e instituições de pesquisa, mais de 70 estudos científicos já foram realizados no Parque. Fruto desse esforço é o registro de 1.253 espécies, sendo 732 da fauna. “Quanto mais esforço se dedica ao estudo de uma área, mais conhecimento se constrói sobre a sua biodiversidade. No Parque das Neblinas, já foram descobertas três novas espécies para a ciência: o sapinho da barriga vermelha (Paratelmatobius yepiranga), o sapinho da garganta preta (Adenomera ajurauna), posteriormente encontrado nos municípios de São Paulo e Cubatão, e uma formiga ainda em processo de registro”, conta Paulo Groke, diretor superintendente do Ecofuturo.
Outro caso interessante é o do lambarizinho (Coptobrycon bilineatus), encontrado na bacia do rio Itatinga dentro da área da reserva, após décadas sem ser registrado por pesquisadores. Acredita-se que o Parque seja o último e único habitat do peixe. Há no local, ainda, 23 espécies da biodiversidade com algum grau de ameaça, como o muriqui e a palmeira-juçara.
As “câmeras trap”, instaladas e manuseadas pela equipe própria de guarda-parques, são importantes instrumentos de monitoramento e já captaram imagens que reforçam o impacto positivo dos trabalhos de conversação e restauração desenvolvidos pelo Ecofuturo no local. Um dos exemplos é a imagem de uma onça-parda com dois filhotes circulando pela reserva, o que aponta que a área oferece condições necessárias para a reprodução do felino, categorizado como vulnerável (VU). Outros exemplos de animais “flagrados” são o cateto, o gato-mourisco, a anta e a jaguatirica, as duas últimas ameaçadas.
Algumas ações, como a operação de birdwatching (observação de aves), também contribuem para a catalogação da biodiversidade no Parque: neste ano, mais 10 espécies de aves foram identificadas na reserva, com a ajuda de praticantes da atividade.
Além disso, dentro da área há uma Reserva Particular no Patrimônio Natural, oficialmente reconhecida em 2009: com 518 hectares, a RPPN Ecofuturo está localizada em uma zona de alto valor de conservação, onde a vegetação nativa encontra-se bem preservada. Desta forma, a Suzano e o Ecofuturo oferecem formal contribuição ao Sistema Estadual de Unidades de Conservação, em especial no contexto da Mata Atlântica da Serra do Mar. E, desde 2006, o Parque é certificado como Posto Avançado da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, pelo Programa Homem e Biosfera da UNESCO.
“É extremamente gratificante poder acompanhar boa parte desta história de transformação da área, onde há 16 anos abrimos as porteiras do Parque das Neblinas. Hoje, carinhosamente, chamamos o Parque de uma “unidade de transformação” – em referência à classificação técnica de Unidade de Conservação –, porque aqui, não só a natureza se transforma, mas sim todas as relações: entre pessoas e natureza, entre os animais, e entre a comunidade, inclusive. As ações desenvolvidas na reserva comprovam a importante contribuição da área para a conservação da Mata Atlântica e de sua biodiversidade, influenciado positivamente o entorno e apoiando o desenvolvimento sustentável da região”, conclui Groke.
Sobre o Parque das Neblinas
Certificado pelo Programa Homem e Biosfera da UNESCO como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, o Parque das Neblinas é uma reserva ambiental da Suzano, gerida pelo Ecofuturo, com 7 mil hectares. No local, são desenvolvidas atividades de ecoturismo, pesquisa científica, educação ambiental, manejo e restauração florestal e participação comunitária.
O Parque das Neblinas foi reaberto para visitação, seguindo protocolos de segurança e prevenção à Covid-19, e com número máximo de visitantes, por dia, reduzido. Todas as atividades precisam ser agendadas com antecedência. Para mais informações, acesse ecofuturo.org.br.
Sobre o Instituto Ecofuturo
O Instituto Ecofuturo contribui para transformar a sociedade por meio da conservação ambiental e promoção de leitura, integrando livros, pessoas e natureza. Entre as principais iniciativas estão o projeto Biblioteca Comunitária Ecofuturo, com a implantação de mais de 100 bibliotecas no País, e a gestão do Parque das Neblinas, onde são desenvolvidas atividades de educação ambiental, pesquisa científica, ecoturismo, manejo e restauração florestal, e participação comunitária. Organização sem fins lucrativos, fundada em 1999 e mantida pela Suzano, o Instituto atua como articulador entre sociedade civil, poder público e o setor privado.