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MOGI DAS CRUZES

Vereadores de Mogi e representantes da EDP discutem sobre quedas de energia na cidade



Aconteceu, na manhã de terça-feira (28), a primeira reunião da CEV (Comissão Especial de Vereadores) da Energia Elétrica na Câmara de Mogi das Cruzes. Na ocasião, vereadores e representantes da EDP discutiram sobre as frequentes quedas de energia na cidade, além de ouvirem problemas apresentados por consumidores mogianos.



Compareceram ao encontro o presidente da Comissão Especial, Pedro Komura (PSDB), e seus membros: Juliano Botelho (PSB) e Francimário Vieira Farofa (PL). O debate teve ainda a participação do vereador Carlos Lucarefski (PV) e de representantes da concessionária da distribuição de eletricidade em Mogi das Cruzes.

Dentre os problemas apresentados pelos consumidores na reunião estão a falta de podas das árvores que encostam em fios de eletricidade, demora demasiada para retomar a energia depois de interrupções emergenciais, dificuldade de acesso aos canais de comunicação e ausência de manutenção preventiva na rede de eletricidade.



Com relação às queixas, Komura disse que a companhia nomeou uma funcionária específica para tratar com os vereadores daqui para frente, o que deve acelerar as melhorias no quesito energético. “Agora, haverá uma pessoa da EDP para tratar com a Câmara e outra para lidar com a Prefeitura. Essa decisão da concessionária já foi um passo muito importante para o trabalho da CEV. Acho que esse contato direto é fundamental para diminuir as reclamações e demandas da nossa população”.



Komura informou também que todas as demandas serão avaliadas individualmente pela prestadora do serviço de distribuição. “Cada caso será avaliado pontualmente. Afinal, em cada demanda ou queixa, é preciso apurar o que aconteceu, bem como as responsabilidades de cada ente e a viabilidade técnica de cada pedido ou reclamação”.

Komura comentou, ainda, que o colegiado parlamentar mogiano está articulando uma reunião em Brasília com representantes da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), autarquia responsável em fiscalizar o setor energético. “Agora, vamos discutir novas reuniões para tratar de assuntos específicos. Também estamos marcando reunião com a ANEEL em Brasília, mas ainda não tem data”.

O secretário Municipal de Verde e Meio Ambiente, André Saraiva, reclamou da falta de substituição de elementos antigos de infraestrutura por modelos mais novos. “Existem muitos equipamentos e patrimônios da EDP que estão abandonados faz tempo. Não dá para fazer transmissão de energia com material obsoleto e ultrapassado”, afirmou ele.

O secretário disse ainda que teve problema pessoal com a EDP. “Moro na zona rural e fiquei quatro dias sem energia elétrica. Se for haver uma interrupção tão longa, é importante avisar a população, dar pelo menos um prazo. As pessoas perdem alimentos, perdem insumos, e a EDP não dá satisfação”.

O secretário Municipal de Agricultura, Felipe Almeida, também reclamou: “Nossa agricultura é intensiva. Utilizamos muito a irrigação. Por isso, a eletricidade é fundamental. Trabalhamos com estufas, câmaras frigoríficas na fruticultura, como de caqui. Aliás, somos a capital do caqui. Tudo isso depende de energia elétrica. Quando ela é interrompida, causa muita tensão na cidade”.

“O cabeamento da EDP na zona rural é muito antigo. Quando acaba a energia, simplesmente não temos retorno. Como produtor rural, estamos produzindo alimentos. Por esse motivo, acredito que também merecemos prioridade na hora de restabelecer os serviços de distribuição de energia”, acrescentou Fernando Noboru Ogawa, diretor do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes.

Fabiana Bava, coordenadora do Procon de Mogi das Cruzes, disse que a empresa tem apresentado muitas respostas negativas sobre ressarcimento de aparelhos por conta de instabilidade energética. “Tivemos muitos problemas em relação a danos elétricos causados por quedas de energia. Desde o início do ano, há muitas reclamações sobre isso. Estamos tendo muitas respostas negativas por parte da concessionária. Outro problema delicado é o fato de a empresa pedir a emissão de laudos. Muitas vezes, o consumidor paga o laudo e tem seu pedido de ressarcimento negado. Ou seja, além de não ser recompensado, o consumidor tem seu prejuízo aumentado”.

Juliano Botelho (PSB) foi mais um a apresentar falhas da EDP. “Moro no Botujuru, que é um misto de bairro urbano e rural. Na parte da Serra, onde estão os bairros Itapeti e Beija-Flor, os moradores sofrem com a falta de energia. Recentemente, uma família ficou sete dias sem luz. Por causa disso, a mãe de um dos moradores perdeu medicamentos”.

O vereador Farofa também apresentou situações críticas no encontro. “Pagamos uma taxa de iluminação pública. E há muitas falhas, especialmente na área rural. A população tem reclamado muito: pagamos a taxa, mas não somos atendidos pela EDP. Quando eu cobro, frequentemente a EDP diz que a Prefeitura precisa fazer os braços [dos postes] ou então que não existe ali uma rede secundária. Um exemplo é a Chácara dos Baianos. Em Quatinga, um produtor rural perdeu a safra três vezes por causa de falta de energia, em um prejuízo de mais de R$ 24 mil”, contou.

Renata Faeda, analista de Grandes Clientes da EDP, disse que a empresa fará esforços para resolver as demandas apresentadas no encontro da CEV. “Vamos levar todas essas questões para dentro da empresa. Vamos nos manter mais próximos dos vereadores, ficando à disposição. Sabemos de todas essas dificuldades e vamos lutar para resolvê-las”.

Juscélio Moreira Vieira, gestor operacional da Bandeirante Energia, explicou que a retomada dos serviços está condicionada a vários fatores, o que dificulta a previsibilidade da retomada. “O restabelecimento da energia elétrica envolve operações complexas e delicadas, que depende de vários fatores. Existe uma escala de prioridades: escolas, hospitais, até chegar ao cliente residencial e na iluminação pública. Quando recebemos uma comunicação de falta de energia, não temos como saber qual é o impacto que o problema vai causar até que a equipe chegue ao local. Tudo isso dificulta para acertarmos a previsibilidade. Apesar disso, estamos empenhados em melhorar a experiência dos nossos clientes”.

Vereadores da CEV da Energia Elétrica (Foto: Divulgação/CMMC)

Ligação de energia em áreas de mananciais

O secretário Municipal de Verde e Meio Ambiente, André Saraiva, disse que está trabalhando para modificar o acordo feito entre o Município e a Promotoria de Meio Ambiente. “Tivemos reunião com a Bandeirante na semana passada e vamos ajustar as ligações de energia em áreas de mananciais. Vamos criar um padrão para poder conversar com o Ministério Público no sentido de alterar o TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] e criar regras mais precisas. Precisamos saber quem pode e quem não pode ligar. Das demandas que atendemos, 90% não podem fazer a ligação, devido às restrições da legislação ambiental”.

Árvores em fios elétricos

O secretário Municipal de Agricultura, Felipe Almeida, e o de Verde e Meio Ambiente, André Saraiva, anunciaram que o município está elaborando uma cartilha. O material pedagógico mostrará aos produtores rurais como e quando efetuar podas. “Estamos prestes a soltar uma cartilha. A intenção é dar aos proprietários rurais uma certeza de como e quando devem ser feitas as podas de acordo com o tipo de vegetação”, disse Felipe Almeida.

Fernando Rinaldi Rezende, engenheiro de manutenção da EDP, disse que a concessionária está elaborando estudos para descobrir os pontos da cidade nos quais a interrupção por causa de árvores é mais recorrente. “Estamos atuando no Taboão, Itapeti, Vila Moraes e Biritiba Ussu. Inauguramos uma subestação de energia elétrica naquela região”.

Rezende contou que a concessionária aumentou o número de podas de vegetações que entram em contato com a fiação elétrica. “Temos intensificado as manutenções de podas em rede. Na comparação com o ano passado, houve aumento de 80% na quantidade de procedimentos realizados. Neste ano, até 26 junho, já fizemos 25 mil podas. Em 2021, esse número ficou em 15 mil podas”.

Rezende também comentou sobre a cartilha. “Acho uma iniciativa muito importante. Se o cidadão cuidar da vegetação para que ela não alcance a rede, haverá bem menos problemas. Não é toda árvore do município que é responsabilidade da EDP. Somos responsáveis pelas podas da vegetação quando ela chega perto da fiação elétrica. Isso vai bem além de prevenir interrupção, já que envolve questões de segurança”.

Gabrielli Pablos, analista ambiental da EDP Bandeirante, revelou que a concessionária já tem cartilha pronta abordando o mesmo tema. “A EDP já tem uma cartilha de podas. Podemos disponibilizar esse material para vocês. Colocamos a lista de espécies mais adequadas para se plantar perto da fiação elétrica, bem como aquelas que são inadequadas para estar próximas à rede. Ela foi feita para que os leigos consigam entender a mensagem de forma clara”.

Bairros em processo de regularização fundiária

O vereador Pedro Komura quis saber sobre o andamento do processo de regularização fundiária em alguns bairros, no que diz respeito às ligações elétricas, que estão sob a responsabilidade da EDP Energia. “Como estão as questões de regularização de bairros como Parque São Martinho, Jundiapeba e Vila São Paulo, em termos daquelas ligações elétricas clandestinas?”.

Rui Araújo, coordenador de regularização da EDP Bandeirante, respondeu. “Geralmente, é determinado um polígono dentro do qual a prefeitura nos autoriza a regularizar. No Parque São Martinho, o polígono inclui o bairro, mas não a ligação até o bairro. Por isso, muitos clientes que hoje estão ligados na Avenida Japão terão que sair de lá. Existe uma programação para desativar a rede lá. Estamos buscando regularizar os trechos autorizados pela Prefeitura”.

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