Quatro pré-candidatos a prefeito nas Eleições Mogi das Cruzes 2020 se uniram, na noite de ontem (22), em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais que teve como propósito discutir a aprovação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara Municipal para apuração da denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que, no dia 4 de setembro, resultou na prisão de vereadores e empresários da cidade sob suspeita de corrupção.
Participaram da live os pré-candidatos Caio Cunha (Podemos), Fred Costa (PDT), Michael Della Torre (PTC) e Rodrigo Valverde (PT), além do vereador Iduigues Martins (PT). Segundo Valverde, também foram convidados para a discussão os pré-candidatos Felipe Lintz (PRTB) e Miguel Bombeiro (PROS).
Na transmissão, os participantes voltaram a se queixar sobre a forma como a comissão foi aprovada na Câmara de Mogi das Cruzes. De acordo com eles, a maioria dos vereadores da Casa preferiu ignorar o requerimento que havia sido apresentado em conjunto por Caio Cunha, Iduigues Martins e Rodrigo Valverde e assinar um novo requerimento, cujos critérios para escolha dos membros da comissão, segundo eles, beneficia a Prefeitura de Mogi das Cruzes, que tem contratos da Secretaria Municipal de Saúde e do Semae de Mogi das Cruzes investigados pelo MP-SP.
“Em vez de aproveitar o pedido do vereador Valverde, que tinha sido o proponente, eles simplesmente, de uma forma muito ardilosa, abriram outro requerimento e já assinaram”, afirmou Caio Cunha, acrescentando em seguida: “Como o vereador Valverde tinha apresentado o requerimento, ele naturalmente seria o presidente da comissão e os outros dois membros seriam escolhidos. Com essa jogada que fizeram, o presidente vai ser o vereador Pedro Komura, do PSDB, partido do prefeito. O segundo membro, o vereador Clodoaldo de Moraes, que é do PL, partido do pré-candidato a vice na chapa do Marcus Melo. E aí, para não dizer que não tem nenhum representante da oposição, abriram para que um de nós três assumíssemos essa vaga”.
Fred Costa questionou o prazo para entrega do relatório que será elaborado após as apurações da CEI, que é de 90 dias. “Vocês vão acabar o mandato e não deu os 90 dias. Eu fiz a conta aqui e vai dar 88 dias. Ou seja, vocês criaram uma comissão na Câmara Municipal que não vai ter nem relatório, porque vai terminar o mandato antes”, afirmou o pré-candidato do PDT.
Della Torre disse considerar a criação da comissão positiva, de qualquer forma. “Confesso que, apesar de ter tido essas manobras na Câmara, de não aceitar o pedido de um, depois vir com outro, eu ainda acho que foi válido, que pelo menos foi aberta essa CEI, essa possibilidade de investigar”.
Como membro da comissão indicado pela oposição, Valverde afirmou contar com o apoio dos demais pré-candidatos na apuração dos fatos. “Como de três membros, um é do partido do prefeito e o outro é do partido do candidato a vice-prefeito, é fundamental que a gente some forças, então gostaria muito de poder contar com o apoio técnico do dr. Michael Della Torre, do dr. Fred Costa. Eu vou passando as reuniões, os documentos que a gente vai anexar. Acho que, juntos, a gente pode traçar estratégias para coletar provas, convocar pessoas para prestar esclarecimentos, enfim, trabalhar de forma conjunta”.
Iduigues atribuiu a aprovação da comissão à pressão da população. “O que levou a Comissão Especial de Investigação a caminhar a partir de hoje? A pressão da sociedade, sem dúvidas nenhuma. Nós batemos firme na tecla de que a Câmara Municipal não podia ficar omissa”, disse o vereador.
Os participantes da live discutiram, ainda, quais serão os desafios que a oposição enfrentará por ser minoria na comissão. Eles relembraram casos em que os vereadores Caio Cunha e Iduigues Martins participaram de outras comissões, também como minoria, e trocaram opiniões a respeito da experiência.
A reportagem do Notícias de Mogi procurou a Câmara Municipal e o presidente Sadao Sakai para obter um posicionamento a respeito dos critérios utilizados para formação da comissão, mas não obteve resposta até o momento.
Aprovação da comissão
O requerimento para criação da Comissão Especial de Inquérito que vai apurar as recentes denúncias do Ministério Público foi aprovado na sessão da última terça-feira (22) da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes.
O presidente da Casa, Sadao Sakai (PL), afirmou que a comissão será composta por duas indicações das duas maiores bancadas da Casa (PSDB e PL) e por uma indicação dos partidos de oposição (PT e Podemos).
O vereador Pedro Komura (PSDB) foi indicado pelas maiores bancadas da base para ser o presidente da comissão. Komura afirmou que a CEI estará aberta para todos os vereadores da Casa. “Fui indicado pela bancada do PSDB para participar dessa CEI. A CEI estará aberta a todos os vereadores, apenas temos um número legal de membros, mas os vereadores podem participar de todas as reuniões da Comissão”, disse ele.
Segundo a Câmara Municipal, assinaram o requerimento para abertura de CEI os vereadores Taubaté Guimarães (PTB), Claudio Miyake (PSD), Clodoaldo de Moraes (PL), Edson Santos (PSD), Fernanda Moreno (MDB), Iduigues Martins (PT), Cuco Pereira (PSDB), Francimário Vieira Farofa (PL), Marcos Furlan (DEM), Maurinho do Despachante (PSDB), Otto Rezende (PSD), Pedro Komura (PSDB), Péricles Bauab (PL), Protássio Nogueira (PSD) e Sadao Sakai (PL).
Os vereadores Caio Cunha (Podemos) e Rodrigo Valverde (PT) foram os únicos dois vereadores habilitados que não assinaram o requerimento, por não concordarem com os critérios de formação da comissão.
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