Vereadores presos por suspeita de corrupção em Mogi se candidatam à reeleição

Dois vereadores de Mogi das Cruzes que estão presos preventivamente no complexo penitenciário do Tremembé por suspeita de corrupção já tiveram suas candidaturas à reeleição registradas junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Mauro Araújo e Diego de Amorim Martins, o Diegão, disputarão as Eleições Mogi das Cruzes 2020 pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

Por enquanto, a situação da candidatura de ambos consta como “aguardando julgamento”, assim como o restante das candidaturas registradas até o momento. Isto porque o prazo foi para que os partidos registrem seu candidatos começou no último dia 16 e vai até 26 de setembro.

De acordo com o Painel de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais do TSE, Mauro Araújo declarou R$ 1.966.016,18 em bens, ao passo que Diegão declarou R$ 67.471,56.

Como os vereadores foram presos preventivamente, nada impede que eles sejam candidatos e, inclusive, eleitos. De acordo com a Lei da Ficha Limpa, apenas quem for condenado em segunda instância por órgão judicial colegiado pode ter a candidatura barrada.

Reprodução: TSE

Investigação

Os vereadores foram detidos pelo Ministério Público (MP/SP) e pela Polícia Militar (PM/SP) no dia 4 de setembro, em uma operação chamada Legis Easy (Legislação Fácil), que prendeu mais três parlamentares, além de empresários e assessores. Um vereador e um empresário seguem foragidos.

Segundo a investigação, os empresários compravam apoio dos vereadores para aprovar leis encomendadas por eles. A suspeita é de corrupção na Câmara Municipal e em contratos com a Secretaria Municipal de Saúde de Mogi das Cruzes e o Semae de Mogi das Cruzes. O MP/SP apura se houve organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

O que dizem os vereadores

Em nota entregue para sua advogada, Michelle Sakamoto, o Vereador Diegão afirmou, um dia após ser detido pelo MP-SP: “Ontem, eu não sabia ao certo o que estava acontecendo. Estava perdido. Sabia que não tinha feito nada de errado e pensei que estava no Ministério Público para depor e demonstrar minha inocência. Só descobri que ficaria preso, sem qualquer razão, após o final de meu depoimento. Hoje eu acordei com medo. Preso injustamente. Fiquei assustado com o futuro, não só meu, mas de toda a população. Medo por aqueles que lutam contra a injustiça e por isso são perseguidos. Minhas ações como vereador provocaram a raiva de antigos políticos, que sempre dominaram essa cidade. Minha postura os assusta. O reconhecimento do povo sobre o valor do meu trabalho os incomoda. Meu trabalho pela população é árduo, pois nessa função encontrei minha vocação. Amo o que faço. Porém, a minha vontade de lutar contra todas essas injustiças custou caro: uma cruel perseguição politica. Junto com esse medo, agora sinto uma grande revolta. Com esse sentimento de injustiça e revolta, acabei percebendo como o medo não é algo de todo ruim. O medo não fará com que eu me acovarde. Muito pelo contrário, ele fará com que eu tenha ainda mais coragem. Coragem de lutar contra esse sistema político viciado de nossa cidade. Agirei sempre de acordo com o que acredito, apesar do medo. Agora me inspiro ainda mais no meu ídolo Nelson Mandela, que uma vez disse, enquanto também estava preso injustamente: “Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele”. E eu não irei me acovardar. Lutarei até o fim, com todas minhas forças, para provar minha inocência e ainda mais para que nunca qualquer outra pessoa de bem passe por uma injustiça desse tamanho.”

O Notícias de Mogi não conseguiu contato com a defesa do vereador Mauro Araújo. O espaço seguem aberto para posicionamentos e manifestações.

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Por Leandro Cesaroni

Jornalista graduado pela FIAM e pós-graduado em jornalismo cultural pela FAAP