A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes recebeu, na tarde desta terça-feira (9), o secretário municipal de Governo, Francisco Cardoso de Camargo Filho, conhecido como Cochi, para prestação de esclarecimentos sobre sua condenação por improbidade administrativa quando atuava no Governo de Santa Catarina.
O encontro foi sugerido pelo vereador John Ross (PODE) e o convite foi feito pelo presidente do Legislativo, Otto Rezende (PSD). O fato de o atual secretário de Governo já ter sido condenado resultou em um pedido de cassação do mandato do prefeito Caio Cunha (PODE), feito pelo jornalista Mário Berti. No documento, Berti afirma que é imoral e incoerente o prefeito nomear um secretário condenado por improbidade administrativa.
Em sua explanação, Cochi falou inicialmente sobre sua trajetória profissional, sobretudo no setor da Educação. O secretário explicou também o motivo de sua condenação. Segundo ele, por falta de verba para comprar mesas e cadeiras para novos servidores, tomou a decisão de fazer baias e bancadas gastando menos. Com isso, acabou recebendo um inquérito de improbidade.
Apesar da condenação, o secretário argumentou que apenas recebeu uma penalidade cível e não perdeu os direitos políticos. Cochi ainda falou que o que aconteceu foi uma questão administrativa e que não vislumbrou propósito malicioso. “Onde está o trânsito em julgado? onde está que sou cerceado a ser indicado para assumir qualquer cargo?”, questionou. Por fim, o secretário enalteceu o seu trabalho por onde passou, citando as condecorações que recebeu, como o Título de Cidadão Barriga Verde, da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.
A vereadora Inês Paz (PSOL) questionou se o prefeito Caio Cunha, ao empossar Cochi sabia da condenação por improbidade administrativa. A parlamentar questionou ainda a moralidade da ação de Cunha, já que o próprio prefeito, quando vereador, apresentou uma indicação para a Prefeitura fazer um projeto não admitindo nenhuma pessoa condenada em seu quadro.
O vereador Francimário Vieira Farofa (PL) agradeceu ao secretário pela presença e falou sobre a importância da explanação. “É um esclarecimento fundamental para a nossa cidade. Não há amparo legal nenhum na lei para cassação”, afirmou.
“É um momento importante para a transparência na vida pública. São poucos os homens públicos que se dispõem a abrir a vida”, complementou Iduigues Martins (PT).
Já o vereador Pedro Komura (PSDB) fez o uso da palavra para se manifestar contrário à abertura de processo de cassação contra o prefeito Caio Cunha. “Acredito que não devemos perder tempo com essa questão”, ressaltou.
Por sua vez, o vereador Johnross (Pode), elogiou a atuação do secretário. “A contribuição que o senhor traz hoje é muito mais do que somente esclarecimento. A trajetória de vida do senhor em termos de doação de vida a cada cidadão na cidade no estão de SC e em MC, só mostra para nós o que é a excelência e dedicação de serviço ao próximo”.
Os vereadores José Luiz (PSDB) e Marcos Furlan (DEM) também se manifestaram contra a abertura de processo contra Cunha. “Acredito que esse processo já deveria ter sido arquivado na origem. É um processo que não tem cabimento, sem nenhuma fundamentação jurídica”, afirmou José Luiz.
“A questão é bem simples, e vou na linha do vereador do Pedro Komura, de que não devemos perder tempo. Se nós pararmos a cidade para qualquer tipo de situação como a de hoje, levarmos a discussão ao plenário pode não ser saudável”, finalizou Furlan.