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MOGI DAS CRUZES

Câmara de Mogi e Santa Casa discutem caso de aborto e renovação do contrato do Pronto-Socorro



Na quarta-feira (20), representantes da mesa diretiva da Santa Casa de Mogi das Cruzes estiveram na Câmara Municipal para uma reunião com vereadores.



No encontro, foi discutido o recente caso de aborto na filantrópica que culminou na prisão – e posterior soltura – de um dos seus diretores técnicos, sob a suspeita de que a morte do feto teria acontecido pela demora no atendimento da gestante.



Os parlamentares também colheram dados sobre as negociações para a renovação do contrato entre a unidade hospitalar e a Prefeitura, para a manutenção do atendimento público no pronto-socorro da entidade médica. Com duração de seis meses, o contrato atual foi firmado em novembro do ano passado e, portanto, chega ao fim em abril.



A vereadora Inês Paz (PSOL) questionou os representantes da entidade sobre o que realmente aconteceu no caso de aborto que culminou na prisão de um diretor técnico, em 19 de fevereiro. “A saúde pública em Mogi está um caos. Não é só com a Santa Casa. Recebo muitas reclamações de gente em macas dizendo que precisa de internação, mas não consegue porque não tem vaga. O que levou àquele aborto?”, perguntou ela.



Fábio Mattos, 1° tesoureiro da filantrópica, respondeu: “A gestante foi rapidamente atendida, mas o exame de ultrassom apontou que o feto não estava mais vivo. Existe um processo de apuração sobre o que aconteceu”. O episódio é alvo de inquérito por parte do Ministério Público (MP-SP).

Segundo a equipe da filantrópica, o médico em questão não estava na unidade médica no momento do fato.

Mattos disse, ainda, que existem apenas nove leitos na UTI Neonatal. Segundo ele, em momentos de elevada demanda, a quantidade pode ser insuficiente. “Nossa dificuldade hoje é receber as mães de alto risco. Às vezes nasce um bebê e ele fica três meses internado, podendo chegar a até um ano”, afirmou o 1° tesoureiro.

O vereador Zé Luiz (PL) lembrou que a Santa Casa de Mogi das Cruzes é referência regional de atendimento, o que acaba contribuindo para a superlotação da entidade. “Várias cidades da região não têm UTI Neonatal. Guararema, Biritiba Mirim e Salesópolis não têm. Suzano não sei como está”. Fábio Mattos concordou: “As gestações de alto risco vêm para a Santa Casa”.

Inês Paz questionou, então, se a abertura de uma maternidade específica para partos de risco não poderia ser uma solução. “Temos o prédio que abrigaria uma nova maternidade fechado. A Prefeitura diz que não haveria necessidade de outra em Mogi. Mas se são poucas vagas de UTI Neonatal, não seria preciso uma maternidade nova para atender esses casos mais graves?”.

Mattos disse que não. “Existe todo um trabalho preventivo que pode ser feito antes de uma gestação se tornar de risco. Um acompanhamento bem feito pelas unidades básicas de saúde. Por exemplo: estão chegando índices absurdos de mães com sífilis para gente. Isso poderia ser detectado antes do parto. Não quero criticar o serviço de saúde porque não depende só do Município. Muitas gestantes não voltam às consultas, não fazem o acompanhamento do pré-natal como deveriam. Não vejo necessidade de outra maternidade. Se fosse abrir uma nova, além da UTI Neonatal, teria de abrir uma UTI de adulto também, uma vez que podem acontecer intercorrências com as mães”.

A Presidente da Comissão Permanente de Saúde, Zoonoses e Bem-estar Animal, vereadora Malu Fernandes (SD), questionou sobre o rompimento do contrato da Santa Casa com o programa “Mãe, Mogiana”. “Foi a Santa Casa que não quis mais atuar no Mãe Mogiana. Eu queria entender por quê”. Fábio Mattos esclareceu. “É a mesma coisa que acontece com o pronto-socorro. Precisamos ter condições para prestar os serviços. Porém, o mesmo prestador que faz os partos na Santa Casa também toca o Mãe Mogiana. Então essa conexão existe”.

Mattos também falou sobre a necessidade de contratar mais um médico de ginecologia obstetrícia para os plantões da filantrópica. “Há dois anos estamos pedindo mais um médico G.O. Temos apenas uma profissional para atender a porta do pronto-socorro a cada 24 horas. Em algumas situações, acumulam de 30 a 40 partos para atender. A médica não pode ir ao banheiro nem almoçar. Desde a última renovação do contrato com a prefeitura no pronto-socorro, estamos pagando o segundo médico G.O durante o dia. À noite, não estamos conseguindo pagar. Custa caro para gente”.

Renovação do contrato do PS

Malu Fernandes quis saber também sobre as negociações para a renovação do contrato entre a Prefeitura de Mogi das Cruzes e a Santa Casa para manutenção do funcionamento do pronto-socorro (PS). “Como estão as negociações com a Prefeitura para renovar o convênio para o atendimento do pronto-socorro?”

Iduigues Martins (PT) completou o questionamento. “Foi formada aquela comissão de negociação? Quem está participando?”. A mesa diretiva respondeu que sim. “Existe a Comissão sim, formada por técnicos da Prefeitura e por representantes da Santa Casa. Estamos debatendo. Algumas coisas vamos conseguir, como a segunda médica G.O. A gente protocolou na segunda-feira. Em maio, devemos conseguir receber alguns aumentos. Outras coisas não conseguimos. Mas entendemos que foi um avanço”.

O presidente da Câmara de Mogi das Cruzes, José Francimário Vieira (PL), disse estar contente com o avanço das negociações para renovar o contrato. “Fico feliz que as negociações para renovar mais 12 meses estão avançando. Atender à população, especialmente o pronto-socorro, é prioridade. Ainda mais neste momento, com o agravamento dos casos de dengue, que estão deixando as UPAs superlotadas”.

Iduigues criticou o fato de os vereadores não serem chamados para ajudar nas tratativas. “A Câmara Municipal deveria participar, mas, como sempre, não fomos chamados. Lamento muito porque quase sempre os problemas da Cidade vêm parar aqui. Quem tem a relação direta com os munícipes são os vereadores”.

A reunião contou, ainda, com a presença dos vereadores Mauro de Assis Margarido (PSDB), Edson Santos (PSD), Carlos Lucarefski (PV), professor Edu Ota (Pode), Bi Gêmeos (PSD) e Edinho (sem partido).

Divulgação/CMMC

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