Em uma audiência pública realizada na última segunda-feira (21), em Mogi das Cruzes, a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) anunciou algumas obras que serão realizadas com a concessão do Lote Rodovias do Litoral Paulista. Dentre as novidades está a duplicação de um trecho da Mogi-Bertioga (SP 098) e – a mais polêmica – a instalação de um novo pedágio na Mogi-Dutra (Rodovia Pedro Eroles ou SP 088).
De acordo com o diretor-geral da Artesp, Giovanni Pengue Filho, a previsão inicial era criar a praça tarifária na Mogi-Bertioga, no entanto, com o objetivo de tornar a tarifa menor, a proposta foi alterada para a Mogi-Dutra. Se ela avançar, o pedágio deve ficar no km 45, próximo à Casa do Queijo.
Poucas horas após a reunião, mogianos que nela estiveram iniciaram uma grande mobilização contra a cobrança de tarifa na Mogi-Dutra, através de publicações nas redes sociais e abaixo-assinados virtuais que tiveram rápida aderência popular.
Com a repercussão, políticos da região também se posicionaram contra a ideia do pedágio na Mogi-Dutra, sem, no entanto, afirmar que também não concordariam com a mudança dele para a Mogi-Bertioga. Enquanto o deputado federal Marco Bertaiolli (PSD) disse que conversaria com o governador João Doria (PSDB) para reverter a decisão da Artesp, o prefeito Marcus Melo (PSDB) enviou um ofício ao Governo do Estado com a mesma solicitação. Os vereadores da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, por sua vez, aprovaram por unanimidade uma moção repudiando o projeto do pedágio na Mogi-Dutra, que será entregue a deputados da região e ao executivo estadual.
Apesar de tanta polêmica, muitos mogianos que não costumam utilizar a Mogi-Dutra com frequência ainda se perguntam como a criação de uma nova praça tarifária na entrada da cidade poderá afetar suas vidas. Um levantamento feito pelo Notícias de Mogi indica que os impactos podem ser maiores do que aparentam.
Encarecimento de produtos
A proposta de implantar um pedágio praticamente na entrada da cidade, poderia elevar a faixa de preço de produtos que chegam a Mogi das Cruzes através da rodovia, uma vez que o transporte deles ficará mais caro para as empresas fornecedoras. Os itens que mais devem ter seus preços afetados são alimentos e materiais básicos de construção.
Assim como a tarifa extra deve encarecer o que entra na cidade, também pode encarecer o que sai, afetando diretamente – e sobretudo – os produtores rurais da região, conhecida como o “Cinturão Verde”, de onde saem 560 mil toneladas de hortaliças por ano, além de diversos tipos de verduras e frutas para abastecer o Ceagesp e, consequentemente, boa parte do Estado de São Paulo.
Com 26 mil hectares de produção agropecuária e mais de 2 mil produtores individuais, a cidade é, ainda, a maior produtora do país de orquídeas e hortênsias. Também é a maior produtora de nêsperas do Brasil, e detém 40% da produção do caqui nacional.
Afastamento de investimentos
O fato de ter que trabalhar com mais um aditivo tarifário nos negócios realizados em Mogi das Cruzes pode também fazer com que as empresas com sede ou filiais na cidade se sintam desmotivadas a permanecer – ou se estabelecer – nela.
Encarecimento da taxa de ônibus intermunicipal
Provavelmente, não serão apenas os motoristas que terão que desembolsar um pouco mais para fazer o trajeto de Mogi das Cruzes a Arujá, Itaquaquecetuba, Guarulhos ou São Paulo. Passageiros de ônibus municipais e intermunicipais também podem ser afetados com um aumento no valor das passagens, inclusive aqueles não utilizam exatamente o itinerário dos ônibus que passam pela rodovia, já que, para atender esta despesa, o aumento deve ser generalizado.
Transtorno para moradores de bairros afastados
Em alguns casos, moradores da própria cidade terão que pagar para adentrar ao trecho urbano de Mogi das Cruzes. É o que acontecerá com quem mora nos condomínios Aruã e do distrito do Taboão, além de outros bairros e loteamentos mais afastados, próximos à divisa com outras cidades.
Prejuízo a estudantes e trabalhadores
A Mogi-Dutra é utilizada diariamente por milhares de mogianos e cidadãos de municípios vizinhos que trabalham ou estudam na capital ou Vale do Paraíba. Para estas pessoas, o trabalho e/ou os estudos se tornariam muito mais dispendiosos e poderiam fazer muita gente repensar seus projetos e buscar alternativas dentro da própria cidade.
Foto: Ney Sarmento / Prefeitura de Mogi das Cruzes
4 respostas em “Pedágio na Mogi-Dutra: o que muda para quem mora em Mogi das Cruzes”
Desvalorização de imóveis, falta de interesse de futuros moradores na região.
Governo sempre querendo ferrar com a população
Só o que faltava.
Prejudicar que faz a viajem diária só x Mogi.
Dois pedágios, não há economia que aguente.
Fora o problema do tempo que se perde.
Fazer política pública para melhoria ninguém quer..
E pensar que Mogi das Cruzes e cidades da região ajudaram a eleger o Dória governador. Não vamos esquecer de NÃO VOTAR NO DÓRIA na próxima eleição. Fizemos péssima escolha.