O Notícias de Mogi prossegue, nesta sexta-feira (30), com a série de entrevistas com os candidatos a prefeito nas Eleições Mogi das Cruzes 2020, com o objetivo de esclarecer propostas apresentadas nos planos de governo e trazer respostas a outras questões inerentes à candidatura de cada um.
Hoje é a vez de Caio Cunha, candidato que nasceu em Mogi das Cruzes, tem 42 anos de idade e atualmente cumpre seu segundo mandato como vereador pelo PODEMOS. É a primeira vez que ele tenta o cargo de prefeito.
A candidata a vice de Caio Cunha é a professora Priscila Yamagami, de 48 anos, também do PODEMOS. A coligação “Vamos Ocupar a Cidade” conta ainda com PTB e Solidariedade.
Confira abaixo a entrevista que Caio Cunha concedeu ao Notícias de Mogi:
Notícias de Mogi – Um dos principais motes do seu plano de governo é a promessa de um mandato participativo, no qual as pessoas tenham voz nas decisões que serão tomadas. Caso seja eleito, que tipo de mecanismos pretende criar para que isto se torne possível?
Caio Cunha – Ao longo dos meus dois mandatos como vereador, coloquei em prática a metodologia que desenvolvemos, de um método participativo e colaborativo. Esse método, inclusive, está em livro e tem sido aplicado em diversas outras cidades. Nós queremos dar continuidade a isso estruturando um processo de engajamento e participação efetivos por bairro, para que as pessoas locais tenham autonomia de indicar prioridades. Outra proposta é implementar um aplicativo de zeladoria e outros serviços, colocando o cidadão como o agente fiscalizador da manutenção da cidade. Esse canal aberto possibilitaria ainda, opiniões, soluções, demandas e essa comunicação direta entre prefeitura e cidadão. No nosso Plano de Governo, ouvimos mais de 500 mogianos para formular nossas metas. Durante o nosso governo, a ideia é que esse canal de diálogo continue sempre aberto.
NM – Em seu plano de governo, o senhor cita a falta de sincronia entre os horários das aulas e a rotina dos pais, além da precariedade do transporte escolar, como principais motivos para a evasão dos alunos da rede municipal. Como isso poderia ser melhorado?
CC – No nosso Plano de Governo, três perguntas orientaram o eixo de Educação: “Todos têm acesso à escola? Todos permanecem nela? Todos aprendem?”. Nesse extenso levantamento, percebemos que é preciso rediscutir o sistema de funcionamento e atendimento aos pais para conseguirmos atender as necessidades da família. Quanto ao transporte, por lei, crianças que residem em áreas rurais ou de difícil acesso a uma distância de dois quilômetros da escola, ou em área urbana em condições específicas, têm direito ao transporte escolar. Crianças que dependem desse transporte, na falta dele, acabam deixando os estudos. Precisamos combater a evasão escolar atuando de forma estratégica em algumas frentes, como já citadas e, especificamente no transporte, temos de dar mais atenção e reestruturar a gestão do sistema de transporte escolar para que seja efetivo para as nossas crianças e melhorar a fiscalização das empresas e a capacitação dos profissionais responsáveis pela gestão desse sistema.
NM – Um de seus projetos para reduzir os índices da violência em Mogi das Cruzes é passar a abrir as escolas também aos finais de semana, como forma de aproximar a comunidade da escola. Que tipo de atividades seriam desempenhadas aos sábados e domingos? A presença dos alunos seria obrigatória? De que forma eles poderiam se sentir atraídos?
CC – É importante pontuar, inicialmente, que os espaços físicos das escolas são públicos e que essa estrutura pode ser aproveitada para ações pertinentes ao espaço. Por que não abrir aos finais de semana e oferecer atividades que atraiam crianças e jovens? Essa é uma oportunidade que temos de afastar essa geração mais nova da criminalidade, mas, principalmente, criar um vínculo com a escola, o bairro e até mesmo a cidade, com atividades culturais e esportivas. Nossa intenção não é criar bloqueios, pelo contrário, é abrir caminhos e possibilidades, por isso, não tornaremos essa ação obrigatória aos alunos. Estamos estudando um modelo atrativo e eficiente com profissionais de diversas áreas.
A escola que ofereça atividades multidisciplinares, com artes, dança, música, esportes, é uma das nossas prioridades. Tornar o ambiente escolar mais acolhedor, atrativo e seguro faz com que as crianças tenham mais interesse em permanecer nas escolas.
NM – Na área da saúde, o senhor afirma que a superlotação dos hospitais e outras unidades se deve, em partes, à falta de orientação por parte da administração pública, que leva as pessoas a buscarem atendimento nos locais errados, aumentando a fila da triagem e sobrecarregando o sistema. Como essa “reeducação” poderia ser realizada junto àqueles que dependem da saúde pública?
CC – Muitos dos problemas que chegam aos hospitais poderiam ser atendidos e resolvidos em unidades de baixa complexidade, como UBS e UPA. Infelizmente, por falta de uma comunicação eficiente e campanhas de conscientização, vemos a sobrecarga nos hospitais com demandas de baixa e média complexidade, quando em teoria deveriam atender prioritariamente demandas de alta complexidade. Parte do nosso trabalho na expansão de programas de saúde preventiva, fazendo com que a população utilize mais as estruturas como postos de saúde e unidades do Programa Saúde da Família. Com ações preventivas, além de cuidar melhor da saúde dos mogianos durante o cotidiano, também haveria uma queda na demanda de urgências e emergências.
Além disso, temos como meta de gestão a ampliação da cobertura de serviços como Programa Saúde da Família (PSF) e a cobertura do atendimento da rede de atenção básica para 80% da população usuária do SUS, priorizando a instalação de equipamentos de saúde em bairros com menos equipamentos.
NM – Desde antes de se lançar candidato a chefe do executivo municipal, o senhor levanta as bandeiras da transparência e do combate à corrupção. O que pretende fazer para garantir que essas ações sejam cumpridas caso se torne prefeito?
CC – Transparência e combate à corrupção sempre foram pilares fundamentais do meu mandato como vereador, inclusive, cerca de 25% dos projetos apresentados por mim foram dentro dessa temática. Sempre defendi o aprimoramento do Portal da Transparência do Executivo mogiano, que é totalmente ineficiente. Outro ponto fundamental é atrair o cidadão para perto da gestão, garantindo esse acesso e a ampla divulgação das ações da Administração Pública ao cidadão, como a agenda geral da cidade com eventos, reuniões, etc. Precisamos também garantir que a Lei de Acesso à Informação (LAI) seja cumprida no município.
NM – Formado na área de tecnologia, como o senhor avalia a forma que o atual governo lida com dados e informações?
CC – Hoje em dia existem diversos sistemas e recursos tecnológicos que garantem agilidade em processos e torna o custo da máquina pública menor. Como analista de sistemas, vejo atraso por parte do município, que ainda trabalha com papéis, quando poderia agilizar processos utilizando um sistema de tramitação eletrônica, desburocratizando simples ações. No ano passado estive no Instituto Brasileiro Legislativo (Interlegis), órgão do Senado Federal, entendendo melhor as ferramentas cedidas pelo órgão e conversando sobre parcerias. Buscar esse apoio tecnológico e a inovação são pontos importantes para que nossa cidade avance.
Todos os candidatos foram convidados, simultaneamente, a participar das entrevistas e elas estão sendo publicadas de acordo com a ordem de envio das respostas