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O Notícias de Mogi prossegue, neste domingo (4), com a série especial de entrevistas com os candidatos a governador do Estado de São Paulo nas Eleições 2022, com o objetivo de conhecer melhor suas propostas de governo para a cidade de Mogi das Cruzes e a região do Alto Tietê.
Hoje é a vez do candidato Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), que tem Lúcia França como vice.
Haddad tem 59 anos é bacharel em direito pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Economia, com especialização em economia política, e doutor em Filosofia. Ele foi professor de Teoria Política Contemporânea na USP, analista de investimento do Unibanco e consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em 2001, tornou-se chefe de gabinete da secretaria municipal de Finanças de São Paulo na gestão da prefeita Marta Suplicy. Em 2003, foi nomeado assessor especial do ministro do Planejamento, Guido Mantega. Depois, foi secretário Executivo do Ministério da Educação e se tornou ministro da pasta durante a gestão do ex-presidente Lula. Em 2012, deixou o cargo para disputar as eleições municipais de São Paulo. Foi prefeito da capital paulista de 2012 a 2016, e candidato do PT à reeleição, mas perdeu para João Doria. Em 2018, foi candidato do PT à Presidência da República, mas perdeu para Jair Bolsonaro.
O candidato disse que, se eleito, vai trazer para a região o Hospital Dia, programa que ele implantou na capital quando foi prefeito e cujo objetivo é desafogar a fila do SUS. Na área da segurança, ele afirmou que sua intenção é instalar delegacias “Padrão Poupatempo” e reforçar o efetivo das Polícias Civil e Técnico-Científica, entre outras propostas. Com relação à Habitação, Haddad propôs apoio financeiro para que famílias que ganham até três salários mínimos possam comprar seus imóveis com subsídio do governo. Na área do transporte público, o candidato disse que, antes de ampliar o serviço, é necessário retomar e concluir todas as obras inacabadas, além de modernizar as estações, trens e ônibus já existentes.
Confira a seguir a entrevista que Fernando Haddad concedeu ao Notícias de Mogi:
Notícias de Mogi – Desde o fechamento do pronto-socorro do Hospital Estadual Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, em fevereiro de 2021, houve uma sobrecarga no sistema de saúde municipal, principalmente no PS da Santa Casa de Misericórdia. Qual a sua proposta para ampliar o atendimento da saúde na região?
Fernando Haddad – Vamos trazer para o Interior a experiência do Hospital Dia, programa que implantei na capital quando fui prefeito. Na cidade de São Paulo, entregamos 21 unidades e podemos levar esse conceito também para os demais municípios. Minha proposta é implementar 70 Hospitais Dia em todo estado, 60 no Interior e 10 na Região Metropolitana de SP.
São estruturas que podem desafogar a fila do SUS e agilizar os procedimentos médicos represados. O paulista tem sofrido com o abandono das Santas Casas que chegaram a ter cortes de 12% pelo governo do Estado. Nós vamos mudar isso e devolver o respeito que elas merecem por seu papel social importantíssimo.
Não podemos esquecer que também é preciso investir em novos equipamentos e valorizar os profissionais de Saúde locais, que se dedicam com muito esforço e, muitas vezes, sem o devido reconhecimento profissional e financeiro. Temos que sentar, estabelecer um plano de valorização profissional para os servidores.
NM – Os mogianos têm acompanhado, nos últimos meses, o aumento no número de casos de furto e roubos, principalmente na área comercial localizada no centro da cidade. Como a segurança, em maior parte, é de responsabilidade do Estado, quais são suas propostas para reforçar a segurança no Alto Tietê? Acredita que há viabilidade para abertura de um BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) na região?
FH – Vamos estabelecer um Novo Plano Estadual de Segurança Pública que irá: reestruturar e valorizar a carreira policial; determinar metas objetivas de enfrentamento à violência, resolutividade e redução da criminalidade atreladas a plano de carreira e aumento de salário; ampliar investimentos e garantir os instrumentos necessários ao desempenho da função, incluindo tecnologia, inteligência e planejamento.
Vamos, ainda, aprimorar o atendimento em delegacias com a instalação de delegacias “Padrão Poupatempo”; recompor o quadro de efetivos da Polícia Civil (com déficit de 47% em uma década) e ampliar o efetivo da Polícia Técnico-Científica e criar pisos estaduais para as polícias; fortalecer o Policiamento de Proximidade, com a criação de Postos de Policiamento Preventivo e Comunitário, para aumentar a segurança e diminuir crimes como furtos e roubos, incluindo a mogiana; aperfeiçoar a integração da segurança pública estadual com a segurança municipal; apoiar e proporcionar condições para que as polícias e as Guardas Civis Metropolitanas (GCMs) compartilhem informações, tenham subsídios de inteligência e atuem regularmente integradas no policiamento preventivo de proximidade.
NM – Além de ter que dar apoio à Polícia Militar no combate à criminalidade, a Guarda Municipal de Mogi das Cruzes teve que atuar, nos últimos dois anos, em diversos casos de invasão de propriedades no município. Quais são seus projetos para a região na área da Habitação e Moradia?
FH – Caso seja eleito, meu objetivo nessa área é, entre outras medidas, dar apoio financeiro para que as famílias que ganham até três salários mínimos possam comprar os seus imóveis e realizar o sonho da casa própria. Para que essa faixa de renda possa comprar a sua casa não tem outra solução que não seja a do subsídio do governo. E qual é a saída para isso? É o Estado entrar com uma parte a fundo perdido para ajudar nessa compra. Assim, a família sai do aluguel e aquilo que ela pagava por um teto que não era dela, pode amortizar no financiamento para compra da sua casa com escritura passada e tudo. Temos milhares de famílias na rua hoje em dia que também precisam desse apoio. Isso não é gastar dinheiro, mas investir em oportunidades para que as pessoas tenham uma transformação em suas vidas. Isso contribui para uma vida melhor para todos, para comunidades mais fortes e cidades mais desenvolvidas.
Queremos ainda criar um projeto que valorize a habitação popular e que possa também gerar empregos diretos e indiretos. Temos a proposta de relançamento de um Plano Habitacional para São Paulo. O Doria tentou acabar com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo. Uma coisa inaceitável. Mas reaquecer esse setor e fazer andar uma roda que é positiva para todos porque traz moradia a preços acessíveis, teto para as famílias que precisam, trabalho e geração de renda para muitos em diversas regiões do estado, incluindo com toda a certeza a população de Mogi das Cruzes.
NM – No ano passado, depois de uma grande mobilização que envolveu políticos e representantes de diversos setores da sociedade de Mogi das Cruzes, a Artesp anunciou o cancelamento do edital do “Lote Litoral Paulista”, que previa um pedágio na Rodovia Mogi-Dutra. A suspensão do projeto foi considerada uma grande vitória da população mogiana. Caso ganhe as eleições, há possibilidade de a região receber um pedágio?
FH – Minha proposta é conversar com os prefeitos, discutir também os atuais contratos de concessionárias de rodovias de São Paulo para que eles beneficiem de fato os usuários. O atual governo, do Rodrigo Garcia e do João Doria, prorrogou contratos que venceriam apenas em 2028 por mais dez anos, mas não trouxe nenhuma vantagem para a população. A vida está difícil para quem precisa circular pelas estradas paulistas. Para você trabalhar, viajar com a família, rever parentes distantes, escoar a sua produção, estudar.
Além disso, precisamos investir em alternativas de transporte, algo que já foi fundamental para o estado, como os trens, por exemplo. São Paulo já teve 15 mil km de linhas férreas e hoje só tem 2 mil km em funcionamento. Nos últimos 30 anos acabaram com isso.
NM – Milhares de mogianos utilizam os trens da CPTM todos os dias para ir trabalhar na capital ou em outras cidades do Alto Tietê e são recorrentes reclamações com as atuais condições das estações da CPTM na cidade, principalmente as de Braz Cubas e Jundiapeba. Quais são seus projetos para melhorar o serviço prestado pela CPTM? Há viabilidade para ampliação da Linha 11-Coral em Mogi das Cruzes, com mais uma estação no distrito de Cezar de Souza?
FH – Antes de iniciar a ampliação de linhas, vamos avaliar os contratos vigentes e fazer valer o que foi prometido em contrato, fato que hoje não acontece. É urgente qualificar as estações do Metrô e CPTM, além dos terminais de ônibus, garantindo acessibilidade, banheiros públicos, conforto e informação.
O segundo passo é requalificar o corpo técnico do Metrô, da CPTM e da EMTU, assim como os técnicos dos municípios, para gerir e operar os sistemas de mobilidade.
A expansão e modernização das linhas da CPTM seguirá um cronograma em que as áreas periféricas, as ligações perimetrais (interbairros), as conexões com os aeroportos, e as obras já em andamento e com estudos realizados terão prioridade. Em seguida, daremos início imediato aos estudos para a ampliação das linhas já existentes, além da possibilidade de construção de novos trajetos.
NM – Qual sua opinião a respeito do voto eletrônico? Acredita que as urnas são seguras da forma como são utilizadas atualmente?
FH – As urnas eletrônicas são um marco no processo de fortalecimento da nossa democracia e têm garantido, desde 1996, eleições limpas, seguras e com resultados divulgados em tempo recorde. Elas ainda permitem recontagem de votos, são auditáveis e não podem ser hackeadas porque não estão conectadas à internet. Os que questionam as urnas são os mesmos que questionam a vacina e que garantem que a terra é plana.
Todos os candidatos foram convidados, simultaneamente, a participar das entrevistas e elas estão sendo publicadas de acordo com a ordem de envio das respostas
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