O Notícias de Mogi prossegue, nesta sexta-feira (26), com a série especial de entrevistas com os candidatos a governador do Estado de São Paulo nas Eleições 2022, com o objetivo de conhecer melhor suas propostas de governo para a cidade de Mogi das Cruzes e a região do Alto Tietê.
Hoje é a vez do candidato Altino Junior, do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), que tem como vice a Professora Flávia.
Altino tem 55 anos e é formado em Matemática pela USP (Universidade de São Paulo). Foi operário químico e presidente do Sindicato dos Metroviários. Trabalha no Metrô há 25 anos. Em 2016, concorreu à Prefeitura de São Paulo.
O candidato disse ser a favor da diminuição de regalias para grandes empresários e do aumento de serviços por parte do Estado, em detrimento da contratação de empresas privadas. Altino defendeu também a desmilitarização da polícia e a criação de uma polícia civil única. Ainda segundo ele, pessoas que não têm onde morar “podem e devem ocupar terrenos que não cumprem a sua função social”.
Confira a seguir a entrevista que Altino Junior concedeu ao Notícias de Mogi:
Notícias de Mogi – Desde o fechamento do pronto-socorro do Hospital Estadual Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, em fevereiro de 2021, houve uma sobrecarga no sistema de saúde municipal, principalmente no PS da Santa Casa de Misericórdia. Qual a sua proposta para ampliar o atendimento da saúde na região?
Altino Junior – O povo de Mogi das Cruzes sofre com um mal que é presente em todo o território nacional, que é o fato de que, para garantir regalias para os grandes empresários, corrupção e o pagamento da falsa dívida pública, se cortam bilhões de reais do orçamento da saúde, tanto em escala nacional como estadual. Nós vamos inverter essa lógica.
Vamos parar de dar regalias para empresários, como isenções milionárias de impostos e cobrar os grandes devedores, para investir em saúde e reabrir prontos-socorros como o de Mogi, postos de saúde, contratar profissionais.
Tudo isso será feito pelo poder público. Vamos parar de contratar empresas privadas, que pensam em primeiro lugar no lucro, para prestar serviços que deveriam ser do Estado. Para isso realizaremos concursos públicos para contratação de profissionais, com política para incorporar aqueles profissionais que já estão a anos prestando serviço terceirizado para o SUS.
NM – Os mogianos têm acompanhado, nos últimos meses, o aumento no número de casos de furto e roubos, principalmente na área comercial localizada no centro da cidade. Como a segurança, em maior parte, é de responsabilidade do Estado, quais são suas propostas para reforçar a segurança no Alto Tietê? Acredita que há viabilidade para abertura de um BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) na região?
AJ – Em primeiro lugar é preciso entender que a violência é um problema que tem sua origem nas profundas desigualdades sociais que assolam os trabalhadores, o povo pobre e a juventude do nosso país e do nosso estado. Vamos ter um programa arrojado pra gerar empregos através de obras públicas e concursos.
Defendo a desmilitarização da polícia e a criação de uma polícia civil única com direito de organização, sindicalização e com relação direta com as comunidades. Por essas pautas lutaremos nacionalmente. Também defendo que, para ter uma política efetiva de combate ao crime organizado, é necessário descriminalizar as drogas e trata-las como um problema de saúde pública, com sua produção, distribuição e consumo controlados pelo Estado.
Não acredito que os batalhões especiais, com um aparato de violência ainda maior seja a solução. Na verdade a aplicação desse tipo de política de segurança pública tem se mostrado inadequado. A polícia do estado vai receber um forte investimento em inteligência e nossa ação será focada em desarticular os grandes esquemas do crime organizado, ao contrário do que é feito hoje, que se prede os pequenos em baixo enquanto os que ganham dinheiro de verdade com o crime, seguem livres.
NM – Além de ter que dar apoio à Polícia Militar no combate à criminalidade, a Guarda Municipal de Mogi das Cruzes teve que atuar, nos últimos dois anos, em diversos casos de invasão de propriedades no município. Quais são seus projetos para a região na área da Habitação e Moradia?
AJ – Eu defendo que as pessoas que não têm onde morar, podem e devem ocupar terrenos que não cumprem a sua função social. Não iremos despejar nenhum morador de ocupação durante o nosso governo. Muitos desses terrenos passam anos vazios para especulação imobiliária e só cumprem o seu papel social quando ocupados por pessoa que não têm casa.
Como parte do nosso programa de governo iremos realizar um forte programa de obras públicas para gerar empregos e construir infraestrutura necessária, ai também moradias populares para suprir o déficit habitacional do estado.
NM – No ano passado, depois de uma grande mobilização que envolveu políticos e representantes de diversos setores da sociedade de Mogi das Cruzes, a Artesp anunciou o cancelamento do edital do “Lote Litoral Paulista”, que previa um pedágio na Rodovia Mogi-Dutra. A suspensão do projeto foi considerada uma grande vitória da população mogiana. Caso ganhe as eleições, há possibilidade de a região receber um pedágio?
AJ – Não. Nós vamos cancelar a privatização das rodovias do estado de São Paulo. É um absurdo que para trafegar por nossas estradas as pessoas tenham que pagar. Esse serviço retornará para as mãos do poder público.
NM – Milhares de mogianos utilizam os trens da CPTM todos os dias para ir trabalhar na capital ou em outras cidades do Alto Tietê e são recorrentes reclamações com as atuais condições das estações da CPTM na cidade, principalmente as de Braz Cubas e Jundiapeba. Quais são seus projetos para melhorar o serviço prestado pela CPTM? Há viabilidade para ampliação da Linha 11-Coral em Mogi das Cruzes, com mais uma estação no distrito de Cezar de Souza?
AJ – Nós vamos ampliar as linhas de trem e metrô no estado de São Paulo. Defendemos a ampliação da linha coral para mais estações, sem que pra isso se precise privatizar a linha. É mentiroso o discurso de que isso só pode ser feito pela iniciativa privada. A privatização de linhas como a Esmeralda para a Via Mobilidade só gerou caos e desorganização.
É preciso parar de dar dinheiro para empresas privadas e investir em um serviço de qualidade pra atender a população.
NM – Qual sua opinião a respeito do voto eletrônico? Acredita que as urnas são seguras da forma como são utilizadas atualmente?
AJ – A democracia brasileira possui grandes limitações. Ela atende aos interesses dos ricos e são eles que sempre se elegem para seguir governando. Os candidatos não possuem o mesmo espaço para apresentar suas posições de forma livre para que a população decida. Ao mesmo tempo setores como negros, mulheres e indígenas tem sua participação limitada dentro desse processo dito democrático.
A urna eletrônica não é uma dessas limitações. Existem estudos que mostram que são seguras e garantem uma contagem adequada dos votos.
Todos os candidatos foram convidados, simultaneamente, a participar das entrevistas e elas estão sendo publicadas de acordo com a ordem de envio das respostas
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