‘Afeto e Luta’ era para ser só uma live, mas foi abraçada pelo público e transformada em projeto por Bruna Caram. Este ano, importante e decisivo para o Brasil por conta das Eleições 2022, a multiartista revive em turnê a obra de Gonzaguinha transbordando amor e reivindicando a liberdade por cidades do Sudeste ao Nordeste. O repertório é assinado por Jean Wyllys. O show gratuito acontece a partir das 20h dia 15 de setembro, no Sesc Mogi das Cruzes, como parte da programação especial em comemoração ao aniversário da cidade.
Gonzaguinha fez parte de adolescência e juventude de Bruna Caram, com a mãe e o irmão ouvindo dentro de casa. Quando começou a tocar sanfona, Bruna passeou mais para o lado de Gonzaga pai. E, após surgir a oportunidade de cantar em uma live realizada em 2020, que a cantora se emocionou com as lembranças e com as letras que se encaixam tanto com o momento atual.
Para a turnê, o político, jornalista e professor universitário, Jean Wyllys, reescreve o repertório, que será diferente do acompanhado pelos fãs em 2020. O show conta com clássicos do compositor interpretados por Bruna Caram, incluindo seu último lançamento ‘Não Dá Mais Para Segurar (Explode Coração)’ (ouça agora).
O público de Mogi das Cruzes terá a chance de desfrutar do espetáculo antes do lançamento do disco ‘Afeto e Luta: Bruna Caram canta Gonzaguinha’, que está em fase de finalização e sai ainda este ano e terá direção de interpretação de Nanan Gonzaga, filha do Gonzaguinha.
Confira a seguir a entrevista que Bruna Caram concedeu ao Notícias de Mogi:
Notícias de Mogi – Com o intuito de celebrar o aniversário de Mogi das Cruzes, o Sesc preparou uma programação especial repleta de grandes artistas. O que representa para você ter sido escolhida para fazer parte dessa comemoração de 462 anos da cidade?
Bruna Caram – Fico muito feliz e muito honrada em fazer parte dessa seleção, da programação de aniversário da cidade, e ainda mais fazendo um show gratuito. Desde o começo eu quis que esse show fosse o maior número de vezes apresentando gratuitamente para as pessoas, e acho que nada melhor para a comemoração de aniversário de uma cidade a gente ter uma programação gratuita para as pessoas desfrutarem da cidade, que é delas. Muito feliz!
NM – Seu primeiro álbum, ‘Essa Menina’, foi lançado em 2006, quando você tinha apenas 20 anos. Hoje, com mais de 15 anos de estrada, como você enxerga seu amadurecimento profissional e a consolidação de seu espaço na Música Popular Brasileira?
BC – Nesses 15 anos de carreira eu vejo esse amadurecimento de várias formas diferentes, o que me deixa muito feliz. Uma das formas que eu vejo é no aumento do público, um público muito fiel ao longo de todos esses anos, no aumento da qualidade dos shows que a gente apresenta e, claro, nas escolhas que eu posso fazer e que eu faço aos longo de todos estes anos para cada disco, como cantar Gonzaguinha depois de tantos discos, a maioria deles recentes e autorais, e estar trazendo este nome tão importante para novas e antigas gerações celebrarem, lembrarem e conhecerem um repertório muito forte e pertinente, muito politizado, muito bonito e muito necessário para os dias de hoje.
NM – Como acabou de falar, em sua nova turnê, você revive a obra de Gonzaguinha. Poderia explicar como o projeto se concretizou e por que a escolha pelo artista?
BC – A turnê do ‘Afeto e Luta’ começou por acaso, durante a pandemia, em uma live que eu fiz. Quem votou para ele ser um artista homenageado e ter mais desdobramento deste projeto foi o meu público e isso já é muito importante para mim, é muito forte. Eu fui percebendo que a obra do Gonzaguinha me toca em lugares muito profundos, toca muito na cantora e na intérprete que eu quero ser. São canções que pedem a interpretação muito forte, que emocionam muito as pessoas, que têm esse clamor por justiça que ele tinha e que está presente na obra toda dele. É muito bom, é muito feliz, estar cantando essas canções hoje e vendo a reação do público a cada cidade que a gente chega. Eu digo que sempre foi meu sonho fazer a turnê antes do disco, e agora eu estou realizando esse sonho, estou lançando as faixas enquanto já estou em movimento apresentando o show para as pessoas. Isso é muito legal, muito importante para um artista como eu, que gosta do palco e que quer trazer para estúdio a emoção do palco, então tem sido um presente em muitos sentidos Eu ainda contei com uma ajuda luxuosa de pessoas como Jean Wyllys, que assina a pesquisa de repertório e roteiro do show, além da própria Ana Gonzaga, filha do Gonzaguinha, fazendo a direção de voz no estúdio, contando a histórias da canções que eu também conto no show, e que agora já fazem parte da minha memória afetiva e eu quero levar isso para muita gente.
NM – Para você, qual é a importância de um artista se posicionar politicamente nos dias atuais? Considerando a polaridade política existente atualmente no país, acredita que o fato de se posicionar pode desagradar alguns fãs e prejudicar seu sucesso?
BC – Sobre se posicionar, eu acho que quando a gente vive um momento que se posicionar ou não, agir ou não, opinar ou não, implica em oprimir outras pessoas, em violentar outras pessoas ou violentar a gente mesmo, um grupo de pessoas, acho extremamente necessário. Eu escolhi cantar Gonzaguinha também por isso, e principalmente porque eu vejo que na obra do Gonzaguinha as canções políticas têm uma grande alegria de viver, têm uma grande felicidade de ser, uma certeza muito grande de estar lutando no lugar certo, pelas bandeiras necessárias sabe, pelas pessoas. O Gonzaguinha era um apaixonado pelo ser-humano e isso naturalmente tornava ele um artista muito engajado. Acho que é isso que a gente se esqueceu hoje em dia ao falar de política, a gente coloca as coisas de uma maneira passional, sem lembrar que isso afeta diretamente a nossa vida e se que se trata de dignidade humana. Então, hoje, eu não me importo nem um pouco se isso significar perder público, porque um público que é opressor, que é violador, que é abusador, não me interessa, fico feliz de perdê-los, e fico feliz de poder, de repente, influenciar uma pessoa que ainda não têm opinião formada, fico feliz de que a arte possa fazer ela repensar, ela entender o que está acontecendo e se posicionar. A gente vive tempos de muita opressão, de muita desigualdade, de muita injustiça e não dá para eu ignorar isso e cantar apenas por entretenimento. Para mim, não faz sentido.
NM – O que o público pode esperar do seu show em Mogi das Cruzes nesta quinta-feira (15)?
BC – Esse show em Mogi quinta-feira é muito importante, porque é nossa volta com a banda inteira no palco, que é coisa que a gente só fez em estreia de show. Eu passei por outras cidades mas em outros formatos. Então a gente está muito animado, é gratuito, e isso é mais maravilhoso ainda. Eu acredito que esse show é para dançar e se emocionar e a gente vai ter essa oportunidade. Tem também algumas citações de algumas canções que estavam fora do repertório e acabaram de entrar. Então, Mogi vai ser a primeira, vai receber em primeira mão essa sensação, essa emoção, de ouvir algumas canções em versões nossas. Espero que todo mundo ame muito, como eu.
Serviço
- Bruna Caram canta Gonzaguinha
- Local: Sesc Mogi das Cruzes
- Data: 15 de Setembro (Quinta)
- Horário: 20h
- Endereço: R. Rogerio Tacola, 118, Socorro
- Ingressos: Gratuito (sem retirada de ingressos).
- Classificação: Livre
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