O primeiro debate dos candidatos a prefeito nas Eleições Mogi das Cruzes 2020, realizado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Mogi na noite desta terça-feira (24), foi marcado por troca de farpas entre Caio Cunha (PODE) e Marcus Melo (PSDB), que disputam o segundo turno da disputa eleitoral.
No primeiro bloco, os candidatos foram convidados pela mediadora Fabiana Bava, secretária-geral da OAB Mogi, a responder como pretendem enfrentar uma possível segunda onda de Covid-19, tanto no aspecto da saúde quanto no econômico. Enquanto Melo exaltou os feitos da Prefeitura Municipal no combate ao coronavírus desde o início da pandemia, Cunha fez questão de relembrar a ação do Ministério Público que apurou o sobrepreço na compra de máscaras e álcool gel pelo município, além de dizer que, em caso de uma nova onda de contaminação, é preciso haver um equilíbrio entre a saúde e economia. Melo rebateu dizendo que, quando percebeu o preço elevado das máscaras adquiridas, ele mesmo procurou o MP/SP para denunciar e disse ainda que, enquanto a cidade enfrentava a pandemia, Caio Cunha estava no Tik Tok.
Os candidatos também tiveram que explicar de que forma pretender administrar a queda na arrecadação caso sejam eleitos e se o aumento de impostos é uma das providências previstas por eles. Primeiro a responder, Cunha afirmou ser necessário rever todos os contratos da Prefeitura e garantiu que o IPTU não terá aumento caso ele seja eleito, aproveitando para alfinetar o atual prefeito Marcus Melo, devido ao reajuste anunciado em 2019 e depois revogado. Melo, por sua vez, também disse que não haverá aumento de IPTU em um possível segundo mandato e ressaltou a importância de escolher um prefeito com experiência na gestão pública ou privada para administrar a cidade em um ano pós-pandemia.
Na terceira pergunta feita pela mediadora do debate, os candidatos tiveram que responder quais são seus planos para a retomada das aulas presenciais e recuperação pedagógica após os prejuízos do atual ano letivo. Cunha disse que as fragilidades da educação municipal foram evidenciadas pela pandemia e afirmou ser necessário buscar, junto aos professores, uma forma melhor de ensinar as crianças e adolescentes, não só nas disciplinas convencionais, mas também com esporte, cultura e empreendedorismo. Já Marcus Melo fez questão de lembrar que a cidade de Mogi das Cruzes alcançou a maior nota no IDEB (Índice de Educação Básica) de sua história e falou sobre a qualidade da merenda distribuída aos alunos, além de citar alguns bairros onde é preciso construir novas escolas ou creches.
Quando tiveram que responder questões relacionadas à área da saúde, Caio Cunha lembrou do escândalo de corrupção que resultou na prisão de vereadores e empresários de Mogi das Cruzes, devido à suspeita de ilegalidade em contratos da Secretaria Municipal de Saúde, além do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto). Melo respondeu dizendo que a questão dos vereadores devia ser perguntada ao seu adversário, já que ele é vereador e convivia diretamente com os envolvidos na denúncia do Ministério Público. Cunha rebateu afirmando que todos os vereadores que foram presos estão apoiando Melo e fazem parte de sua coligação: “Se são tão amigos meus, por que não estão me apoiando e pediram meu afastamento da presidência da comissão que vai definir a cassação dos mandatos deles?”, indagou Cunha.
Neste momento, a mediadora precisou intervir solicitando que os candidatos mantivessem o nível da discussão nos campos das propostas, evitando ataques que possam impedir o objetivo do debate.
Depois das perguntas pré-determinadas, os candidatos foram convidados a fazer perguntas entre eles. Primeiro a perguntar, Melo quis saber o que Caio Cunha pensa sobre a rede municipal de ensino da cidade. Cunha respondeu que o município tem professores valorosos, mas que não são valorizados como deveriam ser, e reclamou que a equipe do atual prefeito espalhou boatos dizendo que, se Cunha fosse eleito, acabaria com as creches subvencionadas. Em sua réplica, Melo afirmou que, recentemente, Caio Cunha disse, em entrevista a uma rádio, que professores são apenas “validadores”, já que hoje em dia as crianças aprendem tudo pelo tablet ou celular.
Na sua vez de perguntar, Caio Cunha questionou o atual prefeito sobre os aumentos de impostos, como IPTU e ISS. Marcus Melo, por sua vez, disse que o IPTU ajuda na manutenção da segurança, da educação, entre outras áreas. “Inclusive, quando a cidade faz outras atividades da saúde, além da atenção básica, como cirurgias eletivas, de catarata, é quando ela pega o recurso do seu imposto, do seu tributo, para ajudar quem está precisando”, afirmou ele. Caio Cunha rebateu dizendo que, além dos impostos, Melo aumentou o endividamento do município: “Até 2017, estava tudo certo, em 2019 teve 245% de aumento em endividamento”, comentou ele. “O candidato não entende nada de finanças públicas. O endividamento é resultado de investimentos, como a Avenida das Orquídeas, o túnel da Sacadura Cabral, a própria Perimetral”, retrucou Melo.
Em suas considerações finais, Marcus Melo disse: “Para administrar uma cidade tem que ter muita responsabilidade e conhecimento. O que acontece nas redes sociais é uma realidade. Eu estive ouvindo as pessoas em todos os bairros e sei que tem muita coisa que precisa melhorar”. “A cidade precisa ser bem administrada por alguém que já teve experiência e já enfrentou os desafios da gestão publica, principalmente em um ano de pandemia e de uma eventual segunda onda”.
Já Caio Cunha afirmou: “Contra fatos não há argumentos. É importante que a população pesquise, se aprofunde. Não se trata simplesmente de um momento eleitoral, mas de uma decisão de virada de um novo ciclo de cidade. A nossa cidade não precisa só de desculpas, mas de responsabilidade”. Ele também disse ser o vereador que mais apresentou e aprovou projetos em 2019. “Não é projeto de nome de rua, nem de honraria, como a base do governo tem feito constantemente. Chegou a vez do mogiano ter voz, oportunidade de realizar”, completou.