A Câmara de Mogi das Cruzes realizou, na noite de sexta-feira (31), um evento em memória às vítimas fatais da Covid-19 na cidade, com o objetivo de conscientizar sobre os efeitos da pandemia e lembrar a história das vítimas do coronavírus. Somente em território mogiano, 1.906 pessoas faleceram por causa da doença até o momento.
Iniciativa da vereadora Inês Paz (PSOL), a cerimônia contou com a participação do também vereador Edson Santos (PSD) e dos organizadores do site-memorial Legado, página virtual que está em construção e será dedicada às vítimas do coronavírus no Alto Tietê.
Fazem parte da elaboração do site a escritora, professora e produtora cultural Carla Pozo, Ivone A. Silva, Beatriz Pozo, Thay Dias, Eunice Lima, entre outros colaboradores.
A cerimônia aconteceu em homenagem ao Dia Municipal em Memória às Vítimas da doença, celebrado nesta data, conforme a Lei Municipal n° 7.747/2021, de autoria da própria vereadora psolista.
“Esse dia marca a lembrança de momentos difíceis, mas que não podemos esquecer. Hoje a pandemia foi controlada, graças à Ciência e às vacinas. Em Mogi, perdemos 1.906 pessoas. Não queremos que esses mogianos virem somente números”, afirmou Inês Paz.
Já o vereador Edson Santos lembrou a perda de sua irmã e de outros entes queridos. “É difícil até de falar. Muitas dessas pessoas estariam aqui, caso as coisas tivessem sido conduzidas de forma diferente neste país. Penso isso sobre a minha irmã, que chegou a tomar duas doses da vacina, mas faleceu. Minha mãe tem 85 anos e ela sofre muito por causa dessa perda. Sinto que tenho obrigação de estar neste projeto. A dor que sinto é a mesma de tantas outras pessoas” disse ele.
Carla Pozo falou sobre o luto e a necessidade de se reconstruir. “Eu ainda não consigo falar sem chorar. Estamos elaborando o site Legado para trazer histórias amorosas de alegria. Não queremos cultuar o luto, mas só é possível entender onde está a cura se enxergarmos onde está a dor. Minha mãe deixou sua paixão pelos estudos como legado. Não podemos achar que é normal tudo que passamos”.
Ivone mencionou a importância de dar voz para as pessoas falarem sobre seus sentimentos. “Não eram números, e sim pessoas. Amigos, tios, pais e filhos. Essas mortes deixaram um vazio. Entendo que algumas pessoas queiram retomar suas vidas e não lembrar disso. Mas o buraco e suas sequelas ficaram e ainda estão presentes. Não falar da dor não resolve e pode se transformar em doenças mentais e físicas. Precisamos criar coragem para expressar nossos sentimentos e emoções”.
Eunice Lima também deu seu depoimento. “Atrás de cada morte tem uma família, com sonhos e planos interrompidos. Muitas pessoas ainda não conseguem sair de casa até hoje. Outras ainda sofrem com a dor do luto”.
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