Em um discurso emocionado publicado nas redes sociais, Maciel Santos dedicou a medalha de bronze conquistada nas Paralimpíadas de Tóquio a Dirceu Pinto, bicampeão paralímpico de bocha que morreu em abril do ano passado, aos 39 anos, devido a problemas cardíacos. Por muito tempo, ambos foram companheiros em Mogi das Cruzes, cidade que escolheram para viver e treinar.
Apesar de ter ganhado uma medalha de ouro nas Paralimpíadas de Londres, em 2012, Maciel afirmou que, devido às circunstâncias, o bronze conquistado este ano teve um valor especial. “Logo no início da pandemia veio a devastadora notícia da morte de Dirceu Pinto. Um choque para todos da bocha e do esporte paralímpico! Dirceu e eu treinávamos todos dias no mesmo clube. Dirceu era mais que um ídolo pra mim, era um grande amigo, um pai, um líder e minha maior referência na bocha!”, publicou ele no Facebook.
Além da morte do colega, a pandemia de Covid-19 foi outro obstáculo que trouxe muitos questionamentos ao atleta paralímpico. “Será que haverá mesmo o evento de Tóquio em 2020? Tóquio adiado para 2021, será que não vão cancelar ou adiar de novo? Quando voltarei a treinar normalmente? E se eu pegar Covid-19 e não puder competir? Será que depois de meses sem treinar numa quadra, de forma adequada, sem disputar nenhuma única competição, eu conseguirei chegar com chances de disputar uma medalha?”, se perguntava Maciel.
“E as coisas foram mudando, voltamos a treinar, aos poucos fui ganhando confiança e tomei as duas doses da vacina. E Tóquio chegou! E eu cheguei! O ouro não veio, mas foi demais poder subir ao pódio em uma paralimpíada mais uma vez! Foi mágico poder colocar minha medalha no peito, lembrar de todos esses últimos meses e poder dizer: Tô aqui, Tóquio! Tô aqui, Brasil! E essa medalha é pra todos vocês! Olha aqui, Dirceu! Eu consegui de novo e essa é pra você!”, completou o atleta nas redes sociais.
Maciel disputou o terceiro lugar após perder para o japonês Hidetaka Sugimura nas semifinais. Na fase de grupos, eles já havia vencido o sul-coreano Yongjin Lee, o argentino Luis Cristaldo e o britânico Claire Taggart. Nas quartas de final, derrotou Hiu Lam Yeung, de Hong Kong. Já na semi, ele bateu o tailandês Worawut Saengampa por 4 a 3, conquistando a medalha de bronze.
Maciel Santos
Nascido em Crateús-CE, o brasileiro já foi campeão paralímpico em Londres-2012 e conquistou a prata nos pares no Rio-2016. No Mundial de 2014 ele levou bronze e, este ano, nas Paralimpíadas de Tóquio conquistou novamente o bronze.
Dirceu Pinto
Nascido em Francisco Morato-SP, Dirceu Pinto foi bicampeão paralímpico da modalidade, com quatro medalhas de ouro nos Jogos de Pequim 2008 e Londres 2012, no simples e nas duplas, além de uma prata por equipes nos Jogos Rio 2016. Também conquistou dois ouros no Mundial de 2010 e uma prata no Mundial de 2014.