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Sabe aquele sonho da infância de ser astronauta? Alguns pesquisadores no Brasil estão sentindo esse gostinho depois de adultos. O estudante Carlos Melo, do curso superior de Tecnologia do Agronegócio da Fatec de Mogi das Cruzes, por exemplo, está colaborando com o programa Habitat Marte, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A iniciativa reúne estudantes e pesquisadores de instituições de todo país que desenvolvem experimentos científicos para abastecer com alimento, água e energia as missões ao Planeta Vermelho.
Com apoio dos professores da Fatec, Melo trabalha em um projeto de aquaponia para produzir peixes e hortaliças em estufa. A prática se baseia na integração da piscicultura à horticultura, onde a água dos tanques de peixes, rica em nutrientes naturais, é reaproveitada no cultivo de hortaliças. “É um ciclo fechado e econômico porque se retroalimenta reduzindo o consumo de energia, água e fertilizante”, explica Melo.
O ambiente de cultivo é controlado e protegido das variantes externas como temperatura, umidade e radiação. Essa tecnologia é uma alternativa capaz de garantir condições ideias de produção agrícola e piscicultura tanto no sertão, como no Alto Tietê ou em Marte.
O coordenador do curso de Agronegócio, Elias Ribeiro, explica que o projeto de aquaponia, além de colaborar para um projeto espacial, formata um modelo sustentável de produção alimentar capaz de garantir resultado em condições climáticas extremas e variadas. “Este sistema permite o cultivo de vegetais em áreas metropolitanas, em sacadas de apartamento ou em estufas dentro de restaurantes e supermercados.” Para o docente, a aquaponia pode ser relevante também em situações de restrição social como a que o mundo enfrenta agora em razão da pandemia.
Planeta Vermelho
As atividades para o programa Habitat em Marte estão sendo desenvolvidas de forma remota em razão da necessidade de distanciamento social mas, em novembro, o estudante fará uma visita à estação análoga de Marte, instalada em Caiçara do Rio do Vento, a 100 quilômetros de Natal. Nessa base, mantida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o pesquisador terá a oportunidade de simular experiências sobre como devem ser as condições para a vida no Planeta Vermelho.
O município de Caiçara do Rio do Vento foi escolhido para realização das missões de simulações porque está localizado na região semiárida do estado – um bioma com características semelhantes àquelas que os astronautas enfrentam em Marte. “Além de possibilitar estudos sobre ambientes autossustentáveis, a experiência no projeto Habitat Marte desperta o interesse dos jovens para as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática”, afirma Ribeiro.