A cidade de Poá, no Alto Tietê, corre o risco de perder o título de Estância Turística. De acordo com a Prefeitura Municipal, o alerta foi feito no início desta semana pelo Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos (Dadetur).
A Prefeitura Municipal, que atribui o episódio à “falta de comprometimento e responsabilidade das gestões anteriores”, informou que iniciou, na quarta-feira (8), uma força-tarefa em várias frentes para evitar o desastre para o município, com a criação de um Comitê de Gestão de Crise. O prazo para o período de cadastro do ranqueamento das Estâncias Turísticas junto ao Governo do Estado foi encerrado no dia 4 de outubro de 2020.
Segundo o secretário municipal de Cultura, Esportes e Turismo, Ariel Borges, desde 2018, quando teve início o primeiro ranqueamento de Estâncias Turísticas do Estado, a plataforma digital de Inventário Turístico Paulista da Secretaria Estadual de Turismo e Viagens está sendo preenchida de forma irregular pelo município. “As poucas informações sobre a gestão de recursos e investimentos que foram enviadas ao governo estadual, foram feitas de forma incorreta e, em muitos casos, tais informações sequer foram enviadas. Este descaso pode custar caro ao município que tem no Dadetur um grande parceiro, justamente por ser uma Estância Turística”, afirmou.
Ariel exemplificou a situação citando os anos de 2017 e 2018, onde a gestão da época informou que o município não arrecadou nenhum centavo com turismo. “Vale lembrar que nestes anos, foram realizados o Rock na Praça, Passos da Paixão e a Exposição de Orquídeas e Plantas Ornamentais de Poá (Expoá). São eventos que atraem muitos turistas para a cidade, ou seja, não tem como falar que o município não arrecadou nada com o turismo. Esse é só um exemplo da falta de transparência que nos colocou nesta situação”, ressaltou.
De acordo com o diretor do Dadetur, Antonio Vaz Serralha, a má gestão dos recursos provenientes do Governo de SP também pesou para que Poá esteja nesta situação. “Além da falta de inclusão de vários itens no portal, a má utilização dos recursos que foram repassados nos anos anteriores como, por exemplo, desde 2015, foram utilizados recursos do turismo em asfalto e iluminação. Isso tem um impacto muito negativo nas avaliações do ranking”, disse.
A administração municipal reforçou que o grande número de pendências remanescentes de gestões anteriores, apontadas em projetos vinculados ao turismo, acumuladas ao fato da falta de transparência, durante os últimos cinco anos, podem retirar o município de Poá do quadro de Estâncias Turísticas do Estado de São Paulo. “Desde janeiro, estamos adotando diversas medidas, mesmo algumas causando repercussão negativa, com a finalidade de recuperar a saúde financeira da cidade. Esta necessidade de tomar decisões com base na responsabilidade, transparência e compromisso com o futuro de Poá é, justamente, para evitar situações como esta, onde por falta de atitude e comprometimento das gestões anteriores, estamos prestes a perder o título de Estância Turística”, desabafou a prefeita Marcia Bin.
Com o objetivo de tentar evitar o desastre para o município, a prefeita Marcia Bin, acompanhada pelos secretários municipais Claudete Canada (Meio Ambiente, Recursos Naturais e Serviços Urbanos) e Ariel Borges estiveram no Palácio dos Bandeirantes, na quarta-feira, onde se reuniram como secretário estadual Marco Vinholi (Desenvolvimento Regional) para tratar sobre o assunto.
Em paralelo, o diretor Afonso Xiol (Obras Públicas) entrou em contato com a Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur) para obter mais informações com o intuito de entender a situação documental para verificar se, ao menos tecnicamente, o município está de acordo com os requisitos. A Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos também foi acionada a respeito de impetrar um mandado de segurança, além de outras possibilidades jurídicas. Além disso, o chefe de Gabinete, Bruno Kim, solicitou ao Departamento de Recursos Humanos (RH) da Prefeitura, uma listagem de secretários e diretores, desde 2015, com o objetivo de abrir uma sindicância para identificaros responsáveis. O Conselho Municipal de Turismo (Comtur) também será informado sobre os fatos para que possa auxiliar nas ações objetivando a preservação do título poaense.
Um Comitê de Gestão de Crise foi criado para trabalhar em conjunto nas ações a serem adotadas pela manutenção do título para o município, sendo formado pela prefeita Marcia Bin, pelo chefe de Gabinete Bruno Kim, pelos secretários municipais Ariel Borges (Cultura, Esporte e Turismo), Claudete Canada (Meio Ambiente, Recursos Naturais e Serviços Urbanos), e Marcos Antonio Favaro (Assuntos Jurídicos), os diretores Afonso Xiol (Obras Públicas) e Tatiane Santos (Comunicação Social) e pela Alessandra Gasparini (chefe de Divisão do Turismo).
“Quando afirmo que a conclusão da obra do Balneário Municipal é uma das prioridades do meu governo é, justamente, por entender a importância do equipamento para o turismo da cidade e, consequentemente, para a manutenção deste título para o nosso município, já que existe um ranqueamento feito pelo Governo do Estado para definir quais cidades são Estâncias Turísticas e quais são MIT (Municípios de Interesse Turístico). Além disso, também existe a transparência, onde as gestões anteriores foram falhas e deixaram de informar ao Estado todos os investimentos e ações realizados no setor turístico e, hoje, corremos o risco de sermos penalizarmos por essa irresponsabilidade. Vamos lutar de todas as formas para não sofrermos essa perda desastrosa para o município”, finalizou a prefeita.