Com as regras impostas pela quarentena e as pessoas passando mais tempo em casa, tem aumentado o número de casos de violência doméstica em todo o país. Somente em Mogi das Cruzes, foram registrados pela Guarda Municipal 19 novos casos desde março, sendo que 11 dos acusados foram detidos e oito conseguiram fugir.
De acordo com um estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de chamados de violência doméstica para a Polícia Militar (PM/SP) cresceu 49% em todo o Estado durante a pandemia. Já os casos de feminicídio (assassinato de uma mulher cometido devido ao desprezo que o autor do crime sente quanto à identidade de gênero da vítima) aumentaram 22,2%, entre março e abril deste ano, em 12 estados do país, comparativamente ao ano passado.
O principal fator que desencadeia esse crescimento no número de casos é a convivência mais próxima com os agressores, que, no novo contexto, podem mais facilmente impedir as vítimas de se dirigir a uma delegacia ou a outros locais que prestam socorro neste tipo de situação, como centros de referência especializados, ou, inclusive, de acessar canais alternativos de denúncia, como telefone ou aplicativos.
“A violência contra a mulher é um problema que, infelizmente, está presente em todo o Brasil e que merece uma atenção ainda maior durante este período de quarentena, quando as vítimas, muitas vezes, são obrigadas a ter contato com o agressor”, disse o secretário municipal de Segurança de Mogi das Cruzes, Paulo Roberto Madureira Sales.
No último domingo (5), por exemplo, um homem foi preso por ameaçar a ex-mulher no distrito de Sabaúna, em Mogi. Segundo a Prefeitura, uma equipe da Guarda Municipal fazia patrulhamento pela região quando foi acionada por uma mulher, que informou possuir medida protetiva e denunciou o ex-marido, que estaria a ameaçando de morte.
O acusado foi detido e, mesmo dentro da viatura, teria voltado a ameaçar a ex-mulher, segundo informações da administração municipal. Ele foi encaminhado ao 1º Distrito Policial, onde foi registrado boletim de ocorrência e o homem permaneceu preso.
Patrulha Maria da Penha
Em Mogi das Cruzes, a Patrulha Maria da Penha, da Guarda Municipal, oferece acompanhamento preventivo e periódico, para garantir proteção às mulheres em situação de violência que possuem medidas de urgência expedidas com base na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).
A Prefeitura de Mogi das Cruzes disse que intensificou as ações de segurança em proteção das mulheres durante o período de restrições sociais devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, reforçando as rondas próximas às residências e locais de trabalhos das vítimas e os contatos telefônicos com as mulheres acompanhadas.
Segundo a administração municipal, a Patrulha Maria da Penha, que completou dois anos de operação no mês de abril, acompanha atualmente 482 vítimas de violência doméstica, que possuem medidas protetivas determinadas pela Justiça.
A Guarda Municipal atende a população pelo telefone 153, que funciona 24 horas por dia.