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“Estamos sem saber o que fazer”, disse uma mulher que trabalhava no Hospital Municipal de Mogi das Cruzes e procurou o Notícias de Mogi para denunciar o que, segundo ela, seria um descaso com os funcionários. Isto porque a administração do hospital vem passando por um processo de transição, de forma que a Pró-Saúde deu lugar, oficialmente nesta quarta-feira (26), à Fundação do ABC.
Acontece que, de acordo com a funcionária do hospital (que preferiu não se identificar), nem todos os funcionários que trabalhavam para a Pró-Saúde receberam uma proposta de trabalho da Fundação do ABC. Além disso, parte dos que receberam estariam se vendo obrigados a aceitarem salários menores do que ganhavam. “No caso dos técnicos de enfermagem a diferença chega a ser de até R$ 600”, conta ela.
Nesta tarde, cerca de 30 funcionários foram até a porta do hospital para ver se conseguiam alguma informação a respeito da permanência – ou não – deles no grupo. Eles afirmaram que, dos 400 trabalhadores do hospital, pelo menos metade está sem saber o que fazer.
Ainda segundo a funcionária que procurou nossa reportagem, o processo de transição da administração do hospital trouxe problemas não só para os funcionários, mas também para os pacientes. “Há dias falta material. Cada dia falta uma coisa: seringa de insulina, fralda, sonda nasogástrica, caixa de perfurocortante, copo, gaze, medicação etc.”, afirma ela, completando que pacientes estão ficando em jejum por falta de sondas para alimentação.
Em nota, a Pró-Saúde afirmou que “aguarda, neste momento, um posicionamento do Município sobre estes profissionais que continuarão exercendo suas atividades no Hospital para a nova gestora. Todas as verbas rescisórias serão asseguradas e pagas na medida em que os repasses forem realizados pelo Município”.
A Fundação do ABC também enviou uma nota dizendo que as informações repassadas ao Notícias de Mogi por uma funcionária não procedem. “Na verdade, mais de 90% do quadro de funcionários da antiga gestão foi absorvido, o que permitiu a continuidade dos trabalhos sem nenhum tipo de interrupção – inclusive no Pronto Atendimento, que seguiu funcionando regularmente a partir de 0h de 26/06/2019 – data em que a FUABC assumiu oficialmente o Hospital Municipal de Mogi das Cruzes ‘Prefeito Waldemar Costa Filho'”.
Sobre o fato de funcionários terem recebido propostas inferiores por parte da nova administração, a Fundação ABC afirma que, após a Pró-Saúde demitir todos os antigos funcionários, “a Fundação do ABC convidou os funcionários demitidos que se enquadram na filosofia de trabalho a integrar a nova equipe do hospital, seguindo o Plano de Cargos e Salários vigente na entidade. Conforme mencionado anteriormente, mais de 90% dos antigos colaboradores decidiram por livre e espontânea vontade seguir prestando serviços no Hospital Municipal”.
Procurada, a Prefeitura de Mogi das Cruzes ainda não se manifestou a respeito da situação dos funcionários que trabalhavam no hospital.
Entenda o caso
A Pró-Saúde foi responsável pela administração do Hospital Municipal de Mogi das Cruzes, em Braz Cubas, desde sua inauguração, em 2014. Com o fim do contrato, foi realizada uma nova licitação e a vencedora foi a Fundação do ABC.
Nas últimas semanas, entretanto, a Pró-Saúde, que também participou do processo licitatório, impetrou um mandado de segurança que impedia que a Fundação do ABC passasse a gerenciar o hospital e que foi acatado pelo Tribunal de Justiça (TJ/SP). Isto porque a Pró-Saúde alega que não houve lisura no chamamento público que teve a Fundação do ABC vencedora.
A liminar que suspendia o processo de transição, por sua vez, foi derrubada na tarde de terça-feira (25) pelo juiz Bruno Machado Miano, da Vara da Fazenda Pública de Mogi das Cruzes, permitindo que a Fundação do ABC assumisse a administração do hospital nesta quarta-feira.
A Pró-Saúde informou, ainda, que irá recorrer da decisão judicial que revogou a liminar. A instituição diz que dará seguimento ao processo “visando assegurar a legalidade do certame realizado pela Prefeitura de Mogi das Cruzes”.
“Os esforços estão voltados para uma transição de gestão que assegure o pleno atendimento à população e, prioritariamente, para a situação dos colaboradores do Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC). Cabe ressaltar que a revogação da liminar não extingue o processo em andamento, sendo certo que todos os elementos irregulares alegados pela entidade deverão ser apreciados pela Justiça e que poderá resultar em um novo processo de seleção para gestora do HMMC”, diz a nota da Pró-Saúde.