Na linha de frente do combate ao novo coronavírus (Covid-19), os profissionais da saúde são aqueles que mais têm propriedade para dizer qual é o atual estágio de avanço da doença nas respectivas regiões em que atuam. Isto porque são esses profissionais que acompanham de perto o número de pacientes que dão entrada nos hospitais, que presenciam suas lutas pessoais contra o vírus e, também, que ficam sabendo do desfecho de cada uma delas – seja feliz ou triste.
Carregar todas essas histórias na memória, no entanto, não é uma tarefa fácil, principalmente quando se observa que parte da população não tem feito seu papel para conter a propagação da doença.
Foi justamente pela soma dos casos e descasos com relação ao vírus que a enfermeira mogiana Thássia Miname decidiu fazer um desabafo emocionado nas redes sociais. Acompanhado de uma foto dela com os olhos marejados, o relato começa dizendo que ela chegou à estafa emocional. Não só pelo aumento na carga de trabalho dentro do hospital, mas também por perceber que, fora dele, há muita gente colocando interesses próprios acima do bem-estar coletivo.
“Enquanto uns se importam em quando vão poder sair pra tomar aquela gelada com amigos, enquanto uns pensam na melhor roupa que vão vestir para se exibir por aí, enquanto uns continuam achando que o vírus é uma ilusão ou estratégia política, enquanto muitos saem nem que seja por uma noite, uma tarde ou uma manhã para socializar, a única coisa que eu penso é como irei voltar pra minha casa, se terei o vírus enrustido na minha roupa, em como vou pisar no chão do meu lar, em como não vou me perdoar se algo acontecesse com os meus, com os seus”, afirma ela na publicação.
Thássia, que lida diretamente com pacientes infectados pela Covid-19 em um hospital da região, se diz orgulhosa de seus colegas de trabalho, em quem ela busca forças para continuar. “Que orgulho danado de todos os meus colegas que estão se arriscando e lutando nessa guerra invisível comigo, que deixam suas casas, suas famílias, deixam o cansaço de lado, engolem o choro, suportam a saudade, acham um riso no meio do caos para cuidar da família de alguém”, comenta ela, acrescentando que muitos deles não se importam em pegar o vírus, mas sim em transmiti-lo para aqueles que amam: “a gente luta com a nossa própria vida para salvar as suas”.
Procurada pela reportagem do Notícias de Mogi, Thássia explicou sobre os procedimentos de higiene que adota no trabalho e em casa: “Ao entrar no hospital, coloco minha máscara e EPIs [Equipamentos de Proteção Individual], higienizo todo o meu material com álcool 70% e, toda vez que toco em alguma superfície ou paciente, lavo bem minhas mãos e passo novamente o álcool. Dentro de casa não entro de sapato; ao chegar do hospital, coloco minhas roupas para lavar, tomo banho, passo álcool nas mãos e lavo a cada momento”.
O que deixa a enfermeira chateada é perceber que nem todo mundo está tomando os devidos cuidados para evitar a disseminação do vírus. “Estou cansada de vir para o plantão e ver as ruas cheias de gente, os comércios abertos. Queria de verdade que as pessoas tivessem responsabilidade nesse momento. Não quero que mais pessoas sejam mais um número nas estatísticas e serem enterradas sem que o seu familiar possa se despedir dignamente. Eu sei que pessoas morrem em todo mundo, mas estou cansada de ver notícia triste na TV, cansada de tanto choro, tanta tensão, tanta insegurança. Eu imploro, esteja por nós, como estamos por vocês. Fiquem em casa, por mim, pelos seus, pelos meus!”.
6 respostas em “Enfermeira de Mogi das Cruzes desabafa e diz que chegou à estafa emocional”
Respeito o desabafo dela ,mas nós temos necessidade de ir a luta pra ganhar o pão muitos tem condições de ficar em casa se é grupo de risco tem que fica mesmo mas quem pode vá a luta faça como eu ponha máscara vá a luta pois os impistos chegam boletos não param ,empresas de luz ,água,tv a cabo crediario esses não estão nem ai pra covid então o que resta é ir a luta,pois 600 reais não é pra todo mundo se todas as contas parassem faria sentido fica em casa ,a vida é mais importante sim sem sombra de dúvidas ,mas só quem tem filho em casa sabe como é vamos por máscara e ao chegar em casa deixar roupas e sapatos na entrada logo logo isso vai passar!
Deus abençoe pela sua dedicação profissional mas dos olhos de Deus você pode certeza que você está sendo visto.Voces são os verdadeiros heróis.
Hj trabalho em outro lugar …mas tive oportunidade e a honra de trabalhar com a Thassia e ela está coberta de razão….de nada adianta tanta esforço se a população não colabora.
Porém estamos aqui para continuar ajudando por isso PEDIMOS faça sua parte FIQUE EM CASA!
Deus abençoe vcs, profissionais da saúde.
E realmente , tem muita gente q acha que é brincadeira.
É um absurdo.
EXCELENTE PROFISSINAL. FOI MINHA CHEFE. REALMENTE ESTAR DISPOSTA A LUTAR PELA PRESERVAÇÃO DA VIDA DO PRÓXIMO. SEM QUE OS NOSSOS SEJAM CONTAMINADOS. MANTER O PSICOLÓGICO INTACTO. ÚNICO PEDIDO QUE FAZEMOS.
FIQUEM EM CASA POR FAVOR.!
Quando o profissional fala, o leigo deve respeitar e refletir. Realmente enfrentamos uma situação de perigo real, tanto que os números estão aí – embora tenha minhas dúvidas sobre a confiabilidade de algo controlado por governantes muitas vezes ávidos de poder e inescrupulosos. As informações a respeito do assunto também são contraditórias e nesta altura dos acontecimentos já nem dá pra saber mais, com precisão e confiabilidade, o que é verdade e o que é terrorismo psicológico. Muitos acidentes domésticos já estão acontecendo, também, por conta do medo e do exagero – pessoas sofrendo incêndio ou intoxicação com álcool gel, pessoas matando e se suicidando e a Imprensa colaborando mais com a desinformação e apavoramento social do que com o real bem-estar da população. Enfim, salvo os bem intencionados e os heróis anônimos que mantém a engrenagem toda ainda funcionando, o resto é vítima, inconsequente ou simples indivíduo preocupado. Mas a grande verdade é que há dois frontes nesta guerra: a da prevenção contra o vírus e a da luta pela sobrevivência da família. Não há como dissociar uma coisa da outra. Portanto, isso deveria ser algo passível de deliberação entre todos os segmentos representativos da sociedade em cada comunidade e não apenas no meio político – justamente aquele que menos credibilidade tem perante a opinião pública!