Aplicativo de transporte para crianças revolta motoristas de vans escolares em Mogi

Siga nosso Canal no WhatsApp e receba todas as notícias da cidade no seu celular!

Um novo aplicativo que surgiu em Mogi das Cruzes em janeiro está causando polêmica entre os motoristas de vans escolares da região. Isto porque, segundo eles, ao se propor a levar e buscar crianças e adolescentes à escola, a novidade está invadindo a seara dos transportadores.

O Kar4kids, aplicativo responsável pelo atrito que remete aos tempos da richa entre Uber e taxistas, teve origem dentro do Polo Digital de Mogi das Cruzes, espaço idealizado para conectar empreendedores e incentivar pessoas a criarem empresas que possam impactar de maneira positiva o Brasil e o mundo.

Em sua página na internet, o aplicativo diz que valoriza e incentiva o desenvolvimento das crianças em diversas atividades extracurriculares e que a equipe é formada exclusivamente por mães, com veículos equipados para atender todas as necessidades das crianças e adolescentes.

Os motoristas de transporte escolar, por sua vez, reclamam que precisam estar com uma série de documentos em dia para conduzirem as vans escolares, que também devem ser devidamente identificadas, conforme a legislação vigente no Código de Trânsito Brasileiro. Segundo eles, a fiscalização é obrigatória, pungente e realizada a cada seis meses.

“Com todos os requisitos necessários, além do cadastro obrigatório junto à Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes, e todas as taxas e impostos devidamente recolhidos, os profissionais se espantaram, quando uma nova atividade de transporte surgiu no município, se apresentando como uma novidade, quando, na verdade, está realizando o trabalho de forma ilícita, sem os devidos recolhimentos de taxas e impostos, tanto pela prefeitura, quanto pelo Código de Trânsito Brasileiro”, afirmam os motoristas.

Em nota enviada ao Notícias de Mogi, os transportadores disseram, ainda, que a proposta inicial do aplicativo é louvável, “para que funcione apenas com motoristas mulheres, as chamadas ‘mãetoristas’, e que atendam a chamadas para eventos extracurriculares, em períodos esporádicos, como levar a aulas de natação, caratê, jazz e balé, por exemplo”. Entretanto, eles completam alegando que, ao firmar contratos mensais para buscar e levar as crianças à escola, o aplicativo fere as normas do Código de Trânsito Brasileiro e as leis vigentes no município de Mogi das Cruzes sobre este tipo de transporte.

Procurado pela reportagem, Danilo Issamu Moniwa, criador do Kar4kids, alega que o aplicativo não se enquadra no decreto de transporte coletivo escolar e que, após diversas reuniões, a Prefeitura de Mogi das Cruzes teria manifestado a mesma opinião. “Eles [motoristas] querem que a gente se adeque às realidade das vans, só que a nossa posição e da Prefeitura é que a gente deve se adequar a uma plataforma de transporte individual. Já existe uma legislação aprovada no município para isso. É essa que a gente segue”, disse Danilo.

O empreendedor define o serviço como “um carro particular que leva uma criança”.” Não é escolar”, garante ele, completando em seguida: “A maior parte dos trajetos são para aulas de inglês, natação e, algumas vezes, para a escola. O decreto é para transporte coletivo escolar. Nós não somos coletivo e não somos escolar. Então eles [Prefeitura] entenderam que nós temos que seguir a lei do Uber mesmo”.

Danilo conta, ainda, que a empresa está em processo de credenciamento. “Já entregamos toda a documentação, agora falta a a Prefeitura processar e dar nossa liberação de aplicativo”, afirma ele.

“É um exemplo de empreendedorismo e inovação. Além de se tratar de um serviço de altíssima responsabilidade, pois trata-se do transporte do maior bem que uma pessoa pode ter: os filhos”, disse o prefeito Marcus Melo após reunião com os representantes da empresa.