Mesmo a chuva tendo dado uma trégua na cidade de Mogi das Cruzes – nos últimos dias choveu, mas em volume bem menor que na semana passada – os reservatórios da região continuam operando acima do nível de limite de água.
Como se sabe, as represas são construídas para armazenar água e garantir o abastecimento de milhões de pessoas, seja de água ou energia elétrica, mas cumprem também um papel fundamental no controle das cheias, pois, no período de fortes chuvas, entre setembro e março, retêm boa parte da vazão que chega ao rio, liberando esses volumes de água aos poucos, de forma controlada, evitando ou reduzindo o impacto das inundações.
Acontece que, às vezes, devido ao grande volume de chuva, até mesmo os reservatórios ficam cheios. É o que tem acontecido com algumas represas do Alto Tietê.
O caso mais grave é o da Represa Jundiaí que, segundo dados atualizados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), às 9h da manhã desta sexta-feira (22) operava com volume de 108,05%, o que indica possível transbordamentos em alguns trechos. Para tentar amenizar a cheia, o reservatório está liberando 3,98 mil litros de água por segunda – a operação de descarregamento, mediante abertura de comportas, é uma manobra de segurança prevista no caso de a água ultrapassar os níveis operacionais.
O alto volume de água na Represa Jundiaí é reflexo das fortes chuvas que caíram na região nas últimas semanas, o que acabou ocasionando alagamentos em bairros próximos à barragem (Jardim Aeroporto, Jardim Santos Dumont, Oropó etc.).
A situação na Represa Taiaçupeba também não é das mais confortáveis. O reservatório opera, no momento, com 99,46% de sua capacidade. Por isto, estão sendo liberados nada menos que 12,91 mil litros de água por segundo.
Também na Região do Alto Tietê, as Represas de Paraitinga, Biritiba e Ponte Nova trabalham com 93,40%, 84,37% e 81,46% do limite, respectivamente.
Como funcionam as represas
O controle do nível da água é feito por meio dos vertedouros, que funcionam como o “ladrão” das caixas d´água, deixando escapar o excesso. Essas estruturas permitem o escoamento quando o nível da represa atinge seu limite máximo; eles impedem que a água passe por cima da barragem. Os vertedouros podem ter comportas ou podem ser do tipo livre, sem comportas. Tulipa é um tipo de vertedouro livre.
As represas são operadas conforme normas aprovadas pela Agência Nacional de Águas, órgão federal, e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica, do Estado. São regras que determinam, por exemplo, que, quando o nível de uma represa atinge determinados valores, a água acumulada deve ser liberada. Isso é necessário para garantir a segurança das estruturas que formam essas represas, ou seja, para evitar o rompimento das barragens, que traria conseqüências evidentemente desastrosas.
A Sabesp possui um contrato com a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica da USP. Por meio deste contrato, foram instalados equipamentos (sondas, receptores e transmissores) nos túneis e represas que emitem sinais a cada dez minutos sobre vazão, volume de chuva e nível das represas. Os profissionais da Sabesp visualizam esses dados na rede, em tempo real, inclusive remotamente por computador.