Há mais de duas semanas, as estatísticas referentes aos novos casos e mortes por Covid-19 em Mogi das Cruzes vêm apresentando dados represados que dificultam a interpretação da atual e verdadeira situação da pandemia na cidade. Segundo a administração municipal, a inconsistência se deve a uma queda na plataforma de atualização dos casos de coronavírus, a atrasos do sistema e-SUS e à demora no lançamento dos dados por serviços de saúde.
A disparidade fica aparente no gráfico que mostra as novas contaminações confirmadas da doença na cidade (veja abaixo). O elemento visual disponibilizado no site da Prefeitura aponta que, entre 5 de abril e 2 de maio de 2021 (intervalo de quatro semanas), foram registrados 332 novos casos de Covid-19 em Mogi, ao passo que, entre 3 e 16 de maio (intervalo de duas semanas), 5.943 novos casos foram somados ao sistema – destes, entretanto, 5.668 foram classificados pela Prefeitura como “notificações atrasadas”.
Em nota divulgada junto às estatísticas, a administração municipal afirma que “a plataforma de atualização dos casos de Covid-19 ficou fora do ar por quase uma semana e, somente no dia 5 de maio, o Departamento Municipal de Vigilância em Saúde conseguiu acessar o sistema para atualização de casos represados. No dia 5 de maio, foram notificados, de uma única vez, 3.563 casos, e no dia 6 de maio, outros 664 casos – estes casos estavam represados no sistema e-SUS. Portanto, estas notificações não correspondem a casos e óbitos ocorridos agora. No dia 12 de maio foram encontrados 1.029 casos positivos que ainda não haviam sido lançados no sistema por serviços de saúde e 412 casos positivos oriundos da atualização do eSUS (casos de janeiro a maio de 2021)”.
Com relação aos óbitos em decorrência da Covid-19, os dados apresentados pela Prefeitura indicam 91 mortes entre 3 e 16 de maio de 2021, no entanto, 52 delas são classificadas como represadas, ou seja, aconteceram anteriormente a essas datas. Confira abaixo.
Neste caso, a administração municipal alega que “a plataforma de atualização Sivep, onde são registrados os casos mais graves de Covid-19, ficou fora do ar por cerca de 15 dias e a equipe do Departamento Municipal de Vigilância em Saúde conseguiu acessar o sistema apenas entre os dias 03/12 e 04/12, gerando atualização de óbitos represados. Dos 12 casos registrados no dia 04/12, quatro ocorreram no mês de dezembro, sete em novembro e um em agosto. Deste total, cinco pacientes estavam internados em unidades de saúde da cidade e sete em hospitais e Upas de outros municípios como São Paulo e Santa Isabel”.
No início do mês, a Prefeitura afirmou que um grupo de trabalho tem atuado com o objetivo de produzir um diagnóstico mais preciso e atual da situação da pandemia em Mogi das Cruzes. Segundo a administração municipal, este comitê é formado por funcionários do Gabinete e da Secretaria Municipal de Saúde, que vêm reunindo dados de testagem, novos casos, internações, ocupação de UTI, altas médicas e mortes, entre outros, e separando-os por datas, em uma força-tarefa para atualização completa do sistema.